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Dizem que a Bíblia é o livro dos livros. No entanto, as pessoas que vejo lendo e estudando a Bíblia geralmente começam a execrar todos os outros livros. Passam a achar que os outros escritos são coisa do Diabo. Abominam leituras que acreditam perniciosas, libertinas, perigosamente imorais. E elas são todas as outras, infelizmente. A pegajosa leitura da Bíblia se alastra no sangue dos mais diversos tipos religiosos. Acham que ela é sagrada, escrita por Deus através dos apóstolos. Não acham que qualquer outro livro seja sagrado se foi escrito por um simples mortal, mesmo que seja filho de Deus. Se foi esse Deus que deu o dom de escrever aos homens, por que os seus produtos não devem ser lidos? Por que o homem se corrompeu? Ah, mas sua alma geme em poemas lânguidos de paz! Não importa. Só se deve aceitar as palavras sagradas torrencialmente derramadas em metáforas, salmos, preceitos e mandamentos. Mesmo sabendo que a Bíblia é ‘uma coleção de velhos documentos’, não se deve deixar de acatar as ordens da Igreja – ler e acreditar na palavra de Deus e só. Já temos tão poucos leitores que de vontade própria compram livros… e ainda aparece um concorrente que se intitula ‘livro dos livros’ para pôr as livrarias em sério risco de morte. Além dos gráficos, dos editores, dos fabricantes de papel… todos indo à falência. Pode-se aprender muito com a Bíblia. Mas a maioria dos preceitos morais está levemente ofuscada pelas tendências da sociedade. Pôr num relâmpago a ira de Deus, numa mulher bonita a tentação do Diabo, na escolha sexual a maldição dos infernos… é não ter noção da realidade. Porém, todos os que vejo lendo a Bíblia acatam tudo isso como descaminhos para o Céu. Não existe nem nunca existirá uma edição revisada e aumentada ou diminuída da Bíblia. A Igreja nunca chegaria a um consenso, pois diz que ninguém sabe o que se passa na mente de Deus. Será que a Bíblia ainda é o livro preferido do autor?


Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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