A contaminação de Bolsonaro e sua contribuição à ciência

O presidente Jair Bolsonaro testou positivo para Covid-19. É o que foi informado pela Secom e o que ele acabou de dizer em entrevista coletiva. Primeiro, é preciso tomar cuidado com a notícia, porque o cabra é mentiroso e pode estar armando algo para dar veracidade às suas amalucadas teorias sobre esta doença que já matou quase 70 mil pessoas no Brasil e meio milhão no mundo.

Aliás, no seu pronunciamento a economia foi colocada em primeiro plano, como se a quebradeira atual não fosse resultado exatamente da sabotagem que ele vem fazendo contra medidas que poderiam ter criado melhores condições para o país abrir suas atividades e a economia sofrer menos consequências negativas.

Mas, se de fato ele contraiu o vírus e apresenta sintomas, pode ser de maior utilidade ao Brasil que ele não seja afetado na forma mais leve da doença, que costuma ocorrer com muitos pacientes. Não, não estou sendo maldoso e desejando o pior para o presidente. Não faria isso, principalmente porque não tenho esse tipo de sentimento e depois porque não acredito que desejar o mal ou o bem à uma pessoa possa provocar qualquer efeito. Não sustento minha visão de mundo com sentimentos de leituras de autoajuda.

Até seria interessante ter este poder, mas, francamente, se isso tivesse resultado prático não seria contra Bolsonaro que eu lançaria minhas pragas. Existem alvos melhores acima dele. Aliás, Bolsonaro nem existiria, pois eu teria resolvido há bastante tempo questões muito mais complicadas que nem permitiriam o surgimento político desse sujeito.

É com o mais puro objetivo científico que faço esta observação de que o Brasil poderia obter muitos ganhos se Bolsonaro enfrentar uma situação bem dura com esta doença. Sintomas mais graves da Covid-19 podem permitir que ele demonstre que pode se tratar com a tal da cloroquina, talvez aquele remédio para vermes, que em maio seu ministro-astronauta garantia que seria a cura definitiva ou então qualquer outra panacéia, das que ele vem falando enquanto lança perdigotos sobre este nosso pobre país.

Enfim, depois de passar meses fazendo piadas com uma pandemia que vem causando grande sofrimento no Brasil e no mundo, Bolsonaro pode servir de cobaia para experimentar os tratamentos milagrosos que vem receitando para a população. Mas  tenho que novamente dizer que o cabra é mentiroso e um trapaceiro como ele pode muito bem ter armado isso para criar a ilusão de que venceu com facilidade uma das piores doenças que os seres humanos já enfrentaram.

E claro que desejo melhoras para Bolsonaro, com seus tratamentos médicos muito pessoais. Quem é que não iria querer um remédio fácil para esta terrível doença e deixar de lado todas as preocupações? Eu não teria problema algum em reconhecer que estive entre as milhões de pessoas que por meses foram tolas em tomar vários cuidados que atrapalham a vida, evitando tantas coisas que faziam parte do nosso cotidiano e até andando o tempo todo com uma incômoda máscara no rosto.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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