A fantástica teoria do asfalto quente do ministro das Relações Exteriores

Reprodução Veja

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, realmente não bate bem da cabeça, talvez por causa de algum trauma de juventude — outro ministro, o da Educação, machucou o ombro, por isso tomou uns zeros feios quando começava na universidade e até hoje não se recuperou. Além de um provável trauma, Araújo tem sérios problemas de formação, com este sentido de missão que a tigrada da direita coloca acima do conhecimento. Mas, enfim, não é da parte do Araújo que algo vai me surpreender.

Mas nem por isso deixei de achar suspeita a notícia que rola na internet em que o chanceler brasileiro atribui o aumento da temperatura da Terra a asfalto quente. É tamanha a barbaridade que tive que conferir. Pois é verdade. Ernesto Araújo expôs essa teoria espetacular, falando nesta quarta-feira aos deputados da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara.

Suas palavras: “Nos Estados Unidos, foi feito um estudo sobre estações meteorológicas, e diz que muitas estações que, nos anos 30 e 40, ficavam no meio do mato, hoje ficam no asfalto, na beira do estacionamento. É óbvio que aquela estação vai registrar um aumento extraordinário da temperatura, comparado com a dos anos 50. E isso entra na média global”.

Ele não adiantou nada sobre a localização desses estacionamentos, mas do ponto de vista científico parece claro que são lugares de um calorão de rachar, daí a interferência nas medições atuais de temperatura. A gente aqui temendo pelo urso polar e tudo não passa de uma questão de localização de termostato. O ministro não informou se o governo Bolsonaro pretende entrar com pedido na ONU exigindo a mudança dos aparelhos para mais perto do mato.

Andam zoando o ministro, mas se comprovada, a teoria do asfalto quente é de ganhar Prêmio Nobel, qualquer um deles, até o de literatura e o da paz. Talvez todos juntos, porque a comprovação do que defende Araújo não será apenas uma revolução científica. A descoberta vai ser a salvação da humanidade. Ao menos longe do asfalto, chega de ter medo do medo do aquecimento global.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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