A história dos quadrinhos na era Grafipar

Sertão & Pampas. Rodrigo Elias, Grafipar Especial Quadrinhos nº 1.

Editora curitibana que foi ícone e marcou uma geração de desenhistas e quadrinistas do Brasil recebe homenagem na exposição Tesouros da Grafipar

José Aguiar é um apaixonado por quadrinhos. O mundo dele é este.  São livros publicados no Brasil e no exterior, palestras cursos, oficinas, participações em jornais, sempre com o foco em HQ’s.

Como quadrinista e um dos curadores da Gibicon (Convenção Internacional de Quadrinhos de Curitiba) ele, e o coordenador geral do evento, Fabrízio Andriani, pesquisaram durante um ano o destino que tiveram as publicações e os artistas que trabalharam para a Grafipar, editora curitibana que entre os anos de 1970 e 1980 publicou títulos 100% nacionais de terror, erotismo, ficção científica, aventura, mangá e outros gêneros.

Foi um trabalho difícil, de garimpagem, muitos telefonemas e de espera dos Correios. Mas valeu a pena. As caixas e envelopes começaram a chegar com os originais das publicações da época. E assim foi montada a exposição Tesouros da Grafipar, que será aberta com a Gibicon, nesta quinta-feira (25), às 19h. A mostra poderá ser vista até o dia 25 de novembro, no Museu da Gravura, no Solar do Barão.

A exposição Tesouros da Grafipar é um projeto aprovado pelo Edital de Ocupação de Espaços para Exposições da Fundação Cultural de Curitiba e uma realização da  Quadrinhofilia Produções Artísticas. Após o término da exposição, as obras expostas serão doadas para o acervo da Gibiteca.

Editora – os trabalhos da Grafipar foram feitos por alguns dos maiores quadrinistas brasileiros da época, numa iniciativa que não se repetiu, mas que repercutiu na cultura local e nacional. “Foi um sucesso editorial que vendeu milhares de exemplares mensalmente e influenciou as gerações seguintes de autores. Um de seus efeitos imediatos foi a criação de um cenário que permitiu a existência da Gibiteca de Curitiba”, conta.

Segundo Aguiar, não por coincidência, a história da Grafipar se confunde com a da Gibiteca. “Em 1982, este espaço fomentador da arte dos quadrinhos pioneiro no Brasil e no mundo, surgia numa cidade que respirava e lia quadrinhos produzidos por alguns dos maiores artistas da época para a editora Grafipar. Foi nesse terreno que se criou o cenário propício à Gibiteca, cuja primeira mostra foi justamente uma coletiva que celebrava os quatro anos da Grafipar. Como seria impossível resgatar numa única exposição tudo o que ela publicou, o foco natural dessa empreitada foram os seus quadrinhos e alguns de seus muitos autores”.

Na retrospectiva Tesouros da Grafipar estão revistas da época e reproduções de obras originais de grandes mestres como Claudio Seto, Flavio Colin, Mozart Couto, Julio Shimamoto, Franco de Rosa, Gustavo Machado, Rodval Matias, Watson Portela, Rettamozo, Rogério Dias, Fernando Ikoma, Alice Ruiz, Paulo Leminski, Nelson Padrella, Paulo Nery, Eros Maichrowicz entre outros.

Entre os muitos agradecimentos que faz, Aguiar destaca os papéis de Claudio Seto e de Faruk El-Khatib, em diferentes etapas do processo. O primeiro por ser o mestre dele e de muitos quadrinistas que frequentaram a Gibiteca e com quem aprenderam muito. O segundo, pelo arrojo empresarial de criar uma editora que chegou a publicar 58 títulos por ano e que ousou ao tirar de São Paulo e do Rio de Janeiro, artistas talentosos que moraram em Curitiba na época das revistas da Grafipar.

“Lembrar a cidade e o país desse pedaço importante de sua história artística e editorial é uma forma de retribuir os ensinamentos que me tornaram um profissional dos quadrinhos. Assim como a Grafipar foi o sonho de muitos, este projeto foi a realização do empenho de várias pessoas”, afirma José Aguiar.

Tesouros da Grafipar foi realizado com o apoio da Prefeitura Municipal de Curitiba, Fundação Cultural de Curitiba, Fundo Municipal da Cultura – programa de apoio e incentivo à cultura.

Serviço: Tesouros da Grafipar. De 25 de outubro a 25 de novembro. Museu da Gravura Solar do Barão. Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533. Centro. Curitiba / Pr.

Meninos, eu vi. Estava lá, batalhando em diversas revistas, fazendo charges, textos e ilustrações. Permaneci na Grafipar até o fechamento da Editora. Fiz algumas páginas de quadrinhos. Os originais ficaram com Marília Guasque. Espero um dia rever todo esse material. Flávio Colin mudou-se para Curitiba para trabalhar com tranquilidade e tive o prazer de visitá-lo muitas vezes. Solda

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em A história dos quadrinhos na era Grafipar, Grafipar e marcada com a tag , , , , , , , , , , , , , , , , , , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.