Hoje!

brás-cubas-edson-buenoMais um Machado de Assis para o meu currículo! Machado, Nelson Rodrigues e Franz Kafka são as minhas obsessões literárias e volta e meia eu volto para eles pra me sentir artista de verdade! Cada um a seu modo desenhou o mapa da condição humana, mas aquela escondida, subterrânea e nebulosa. Meu primeiro Machado de Assis foi “Dom Casmurro”, em 2005, que no teatro se chamou “Capitu – Memória Editada”. Agora é a vez de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, que, malandramente se chama “Memórias Póstumas + Machado de Assis”, pra ficar com uma cara mais contemporânea. Como se Machado precisasse destes artifícios.

Vão se passar ainda muitas décadas até que o grande Machado de Assis atinja a terceira idade. Ele é jovem, vibrante e moderno! Esta adaptação eu preferi chamar de “apropriação”, porque de todos os seus romances, “Memórias…” é o mais irrequieto e selvagem. Machado vai e vem ao sabor das suas reflexões – sempre afiadas e sarcásticas – e pouco se importa com o andar da carruagem. Interessa mesmo é o que escreve e pensa; e quase nada a história propriamente dita.

Então que suas trezentas e poucas  páginas dariam um teatro meio filosófico, de incrível humor negro, de aproximadamente oito horas. Valeria a tentativa, o que, neste momento não é o caso. Então que foi preciso “machadear” a adaptação. Preencher umas lacunas, abrir outras e editar ao sabor da intuição e do desejo, foi a melhor e mais divertida solução. Um jornalista me perguntou o que ficou, o que saiu, o que se perdeu e o que se ganhou com a transformação em peça de teatro de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Respondi que não sabia direito, mas que tinha certeza de que havia recebido autorização incondicional de Machado de Assis. Afinal de contas, ficamos amigos íntimos quando encenei “Dom Casmurro”, ele adorou a peça e me deu total liberdade para pintar e bordar com “Memórias…” Não quis mostra-lhe a adaptação antes para não estragar a surpresa, mas amanhã, quinta-feira, ele estará na plateia e com certeza vai divertir-se demais com nossa parceria.

Enfim, “Memórias Póstumas de Brás Cubas” vai agora para o palco. Delícia! Cada vez que me intrometo com esses gênios como Machado, Nelson e Kafka, me sinto renovado, inteligente, artista até os ossos. Ainda vai chegar o dia de Guimarães Rosa. Ainda não aconteceu. Guimarães não ia muito com a cara de Machado, mas isso é coisa deles. Amanhã, quinta-feira, 20 horas, tem “Memórias Póstumas + Machado de Assis”, no Mini Auditório do Teatro Guaíra, para uma temporada de três semanas de quinta a domingo. Grandes emoções, grande literatura e grande teatro. Modéstia à parte! Edson Bueno

MEMÓRIAS PÓSTUMAS + MACHADO DE ASSIS. Apropriação e direção de Edson Bueno. Elenco: Diogo Biss, Robysom Souza e Thierry Lummertz. Produção: Grupo Delírio Cia. De Teatro. Mini Auditório do Teatro Guaíra. De quinta a domingo – 20 horas

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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