Bolsonaro e Regina Duarte: uma relação masoquista chegando ao fim

Ao tirar Regina Duarte da Secretaria de Cultura, mandando-a para ser diretora da Cinemateca Brasileira, Jair Bolsonaro humilhou a atriz com uma promoção para baixo. Geralmente quando um governante é obrigado a fazer algum remanejamento, mas quer manter prestigiado um colaborador, costuma-se fazer a transferência para um cargo equivalente em prestígio, nem que seja apenas no aspecto oficial.

Pois Bolsonaro não teve este respeito com Regina Duarte. E o surpreendente é que ela aceitou a mudança, que foi na realidade uma tentativa do presidente livrar-se de um incômodo. Parece que não rolou o “casamento” entre o ex-capitão e a ex-atriz da Globo, conforme a expressão usada  pelo próprio Bolsonaro quando os dois estavam acertando a entrada dela no governo há pouco mais de dois meses.

A mudança de cargo foi tão surpreendente que nem a direção da Cinemateca sabia que Regina iria assumir o comando da instituição. A Folha de S. Paulo conta que o atual superintendente, Roberto Barreiro, até estava em negociação com a própria atriz para resolver um problema da falta de repasse de verbas entre a Secretaria e a Cinemateca, cujo orçamento é de cerca de R$ 12 milhões.

Agora é Regina Duarte quem terá de implorar por esta verba, o que deve aumentar um pouco mais a humilhação imposta por Bolsonaro. Claro que a atriz não vai conseguir ficar nem na Cinemateca, o que deveria ser muito óbvio para alguém da sua idade, apesar de que não dá para esperar esta consciência de uma artista que arriscou um prestígio de décadas entrando em um governo quase pelo meio e já em péssimas condições. Coitadinha da “namoradinha do Brasil”: estimulou mais que ninguém o sadismo de Bolsonaro.

O caso de Regina Duarte é mais um que merece ser estudado, dessa atração pelo poder, que acaba dominando as vontades, levando tanta gente à mais servil submissão, mesmo que seja para um projeto político já muito ruim na origem e que, comprovadamente, está em condição miserável de qualidade. É curioso que alguém com tantos anos de vida não tenha referencial para compreender a diferença entre a ilusão e a realidade, ainda mais sendo uma artista. São os mistérios do fascínio pelo poder.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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