HOJE NO SITE da RPC, com vídeo e manchete, a notícia importante: o motorista que bateu o Camaro contra um muro, na estrada do Ganchinho. Qual a novidade? Nenhuma, todo dia tem carro batendo contra muros, postes, árvores, caminhões, outros carros, até contra gente. Por que tamanho destaque?

PORQUE é o carro de luxo que atrai o destaque e a chamada específica: o Porsche, o Camaro, o Mustang, o Mercedes. Quando o acidente envolve carro popular ou carro sem o atributo “de luxo”, o jornalista ignora a marca nem sugere um mínimo de empatia pela perda, eventualmente do instrumento de trabalho ou do sonhado veículo da família remediada.

DESTRUIR O CARRO de luxo impacta o imaginário do jornalista, que acusa a perda, seja para lamentar, seja para celebrar: “uma pena destruir aquela beleza” ou “bem feito para o burguês exibicionista”. O que diria o motorista, dono do carro de luxo destruído? Diria “cabeça de pobre, tenho mais na garagem”. Ou “o seguro paga perda total”.

CÉLIO HEITOR GUIMARÃES com certeza lembra Baby Pignatari, playboy e conquistador paulista. Vivia montado em motos Harley e Cadillacs, no Brasil e na Europa, sempre com mulheres lindas e famosas. Em Paris, quando bateu o Cadillac contra um muro, não se apertou: mandou vir de casa, na hora, um outro Cadillac. Baby morreu falido, mas se divertiu.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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