Caçado e cassado

OS FILHOS do presidente irão receber a Ordem do Rio Branco, a mais alta comenda do Itamaraty. Eles – com exceção de Carluxo, o Zero Dois – mais Olavo de Carvalho. Comenda não tem valor no Brasil. Funcionava no Império, tanto que os titulares usavam o título para ficar um degrau próximo dos nobres.

Confiram as ruas como nomes de comendador em Curitiba. Vêm do tempo do Império, mas já vi empresários usando o título de comendador (da república) nos cartões de visita, ainda nos anos 1980, um deles dono de popular loja de tapetes. Comenda, título de cidadania honorária é coisa de ocasião, do interesse da autoridade com poder de outorgá-la.

Ao fazer dos filhos comendadores, Bolsonaro está comendando-se a si mesmo por ser pai deles. Devia dar a comenda para a mãe dos moleques, que merece duplamente, tanto na aptidão de mãe quanto na de mulher da fera outorgante. Outorgam-se comendas e títulos que depois são retiradas. Che Guevara recebeu a do Rio Branco do presidente Jânio Quadros.

Agora é moda. Bate a desgraça política e o comendado é descomendado, o honorários é desonrado. O ex-governador Beto Richa, quando bonito e cheiroso, portando óculos e relógios de grife, encheu-se de títulos de cidadania. Agora já tem vereador querendo cassar o título, aquilo de político caçado, título cassado.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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