De quantos “jucás” o país ainda precisa se ver livre?

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© Myskiciewicz

A República de Curitiba continua produzindo estragos. Passada a fase da Operação Lava Jato que alimentou os que lutavam pelo impeachment de Dilma, agora é o governo interino de Michel Temer que tem de lidar com os incômodos causados pela força-tarefa conduzida pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e pelo juiz Sergio Moro.

Ontem, um dos mais reluzentes nomes da equipe presidencial, o ministro do Planejamento, Romero Jucá, foi obrigado a pedir licença do cargo que assumira há apenas dez dias. A licença é de mentirinha, como logo confessou: vai mesmo é pedir exoneração e voltar para o Senado.

Tudo porque uma gravação clandestina de conversa que travou com um ex-diretor da Petrobras, ligado ao PMDB, revelou que Jucá também atuava para obstruir as investigações da Lava Jato. Mais do que isto: queria conter rapidamente as investigações para preservar outros nomes importantes, dentre os quais o do senador Aécio Neves, presidente do PSDB. O tom do diálogo, havido em março, um mês antes do impeachment, parecia de desespero.

O caso se assemelha ao do ex-senador Delcídio do Amaral, cassado por ter sido igualmente flagrado em conversas que notoriamente visavam a driblar a Justiça e a libertar réus da Lava Jato. Jucá terá o mesmo destino de Delcídio? Esta pergunta precisa ser respondida com rapidez pelo próprio Senado.

A transcrição da conversa feita na edição de ontem da Folha de São Paulo provocou outro efeito imediato: Temer logo se obrigou a fazer novas juras de amor à operação e a prometer que nada fará para atrapalhá-la.

Menos mal. É certo que ela virou o Brasil pelo avesso; que produziu um efeito dominó que parece não ter fim. Mas por mais que a podridão na política nacional venha sendo exposta, com todos os seus horrores e odores, a Lava Jato está fazendo o necessário. E, portanto, merecendo um status – quase autônomo – de instituição republicana intocável.

Ainda existem muitos “jucás” infiltrados no poder. E o país precisa se ver livre deles

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Celso Nascimento – Gazeta do Povo

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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