Devolvam meu país

Quando eu era criança, nossos pracinhas foram lutar na Itália contra o nazi-fascismo. Os que conseguiram voltar para casa foram recebidos como heróis e nos legaram um tesouro. Esse tesouro consistia em nos orgulharmos de ser brasileiros. E tínhamos motivo para sentir orgulho porque o gesto de nossos soldados foi muito importante para a vigência da Democracia. Lembro-me que enfrentávamos com bravura as filas para conseguir carne, ou café, ou leite. Fazia parte do esforço da Guerra. Então, foi como se passássemos a ser pessoas melhores: um ajudando o outro a se reerguer, um confiando no outro. Havia esperança nos olhos das crianças, retidão de caráter nos adultos. E o ódio, esse jazia morto nos campos de batalha.

Em que momento nos perdemos, em que esquina deixamos para trás a cidadania, em que dia exato trouxemos o Ódio para jantar em nossa casa? Será que estamos tomando o lugar daqueles pobres e equivocados soldados que destruíram seu país e parte do mundo em nome da ideologia da violência, comandados por um antigo militar insano e cheio de ódio?

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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