Catatau – A justa Razão aqui delira

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Estreia nesta quinta feira no Novelas Curitibanas, às 20h, sempre de quinta a domingo, de 18/06 a 19/07.

A montagem reúne fragmentos do Catatau e aborda diferentes aspectos desta obra polifônica de Paulo Leminski: a visita fictícia de Renatus Cartésius ao Brasil no século 17, metáfora para o desenvolvimento do conceito de brasilidade na Europa, que ganha vulto a partir da publicação da enciclopédia Brasiliae, do naturalista George Marcgraf (a maior mídia sobre o Brasil a circular no velho mundo antes mesmo da empreitada portuguesa realizada um século depois). O desenvolvimento científico e tecnológico do renascimento, passando pelos experimentos óticos e acústicos de Atanasius kircher, a calculadora de Pascal, até os atuais computadores. Leminski definia seu fluxo-poema como obra cibernética, antecipando as transformações linguísticas decorrentes da prótese computacional, da internet e da inteligência artificial. O romance foi escrito entre 1967 e 1975, auge da ditadura militar, e se coloca também como obra de resistência, reafirmando a liberdade da linguagem em períodos de repressão. O poeta se utiliza de códigos cifrados para se comunicar, sempre atento aos X9s e à censura espreitando suas páginas. Um aspecto do espetáculo que se tornou possível através da criptodramaturgia é o “Canone de Occam”. Texto que reúne as 61 ocorrências deste termo ao longo da obra e suas vizinhanças (150 letras para trás e para diante de cada “bip” desta mensagem código). Occam, além da figura histórica do monge-filósofo nominalista e autor de um tratado de lógica, é também para Leminski o monstro semiótico perturbador da linguagem, aquele que ao se mover faz as sílabas saltarem umas sobre as outras e as letras espirrarem para fora das frases como um abalo sísmico da linguagem.

No elenco Claudete Pereira Jorge, Chiris Gomes e Helena Portela. O espetáculo conta com Iluminação de Beto Bruel, Criptodramaturgia de Glerm Soares e direção de Octavio Camargo.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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