Diário da crise LXIX

Difícil ver aquelas imagens do assassinato do homem negro George Floyd em Mineápolis sem se indignar. Li que a posição que o matou, o joelho comprimindo a cabeça no chão, já é condenado em muitas policias estaduais norte-americanas.

As imagens são muito fortes. Ele diz que não consegue respirar. Você vê claramente que ele não consegue respirar.

Imagens de um restaurante mostram que ele estava algemado e dominado. Não esboçou nenhuma resistência.

O racismo é uma marca muito profunda na sociedade americana. Um fato desses provoca manifestações ao longo do pais, mobiliza o comissariado de direitos humanos da ONU e repercute na imprensa internacional.

Assassinato de jovens negros são muito comuns no Brasil. Há poucos dias falamos de um, João Pedro Matos, de 14 anos, assassinado em São Gonçalo, numa ação policial.

O impacto da morte de George Floyd mobilizou sua cidade e muitas outras nos Estados Unidos. Aqui, de um modo geral, protestam apenas familiares, vizinhos ou a própria comunidade. Não existe uma reação nacional, exceto em casos mais politizados, como o de Marielle Franco.

Mas as imagens de Floyd sendo assassinado por asfixia tiveram também um peso.

Esse acontecimento internacional tem importância porque revela um lado de Donald Trump bastante ameaçador: ele falou em atirar nos manifestantes e saqueadores.

O twitter fez uma advertência sobre seu post. Ele anda brigando com o twitter que decidiu limitar sua tendência a desinformar, como, por exemplo, na campanha contra o voto pelo correio nos EUA.

Interessante como Trump se fez pelo twitter atacando a imprensa profissional. Agora começa a criar problemas com seu próprio instrumento de comunicação.

Aqui no Brasil é parecido. Bolsonaro já teve post censurado e também é um adversário da imprensa profissional. Hoje ele falava sobre liberdade da imprensa alternativa, que se expressa na rede.

O que não percebeu é que em todas as plataformas existe um combate às fake news. Esse combate levou a PF à casa de muitos dos seus seguidores e pode ser um grande obstáculo à sua política.

Continuo afirmando que é necessário defender a liberdade de expressão. Todos têm direito de expressar suas opiniões, mas não têm direito de criar os seus fatos em choque com a realidade verificável.

Entramos em mais um fim de semana de trabalho. Ainda bem. O trabalho atenua um pouco a ausência do sol. Tenho perseguido o sol mas ele só aparece nos lugares certos nas horas mais impróprias. E ainda há as nuvens.

Vai passar, mas por enquanto estamos no topo da lista de mortes no mundo. O Rio já perdeu mais gente que a China para o coronavírus. Uma ironia, o vírus veio de lá e contávamos com nosso calor para atenuar seu ímpeto.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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