Do Fuleco ao Pixuleco

Em tese, a ideia era boa: um boneco que o Brasil reconhecesse como significativo, ajudasse a divulgar uma causa nobre e simbolizasse comercialmente um evento importante. O boneco era o Fuleco; a causa era defender o tatu-bola da extinção, e a expectativa era a de que, por causa da Copa de 2014, de que ele era símbolo, o Fuleco fosse para o colo ou para debaixo do braço de milhões de brasileiros.

Fabricaram-se Fulecos de todos os tamanhos, desde os gigantes, para pairar sobre os estádios, até Fulecos em escala humana, para servir de guardiães à porta das instituições, e Fulecos portáteis, de 30 cm, para serem transportados por crianças e adultos. Mas, para surpresa da Fifa, os brasileiro souberam separar o seu amor pelo futebol dos símbolos com que se tentava revestir a Copa de uma oficialidade espúria –daí acompanharam loucamente os jogos, mas enxotaram Dilma a vaia dos estádios e nem quiseram saber do Fuleco.

Mesmo antes de a Copa começar, o Fuleco já era um fiasco. Nem ofertas de leve-três-pague-dois e descontos de 70% impediram os encalhes-monstro no varejo. Até o Mug, um boneco com que Chico Buarque e Wilson Simonal andavam para cima e para baixo em 1967, vendeu mais.

Já o Pixuleco é diferente. O nome surgiu da forma carinhosa com o que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari chamava as propinas que recebia dos empreiteiros com contratos com a Petrobras. Por achar que o ex-presidente Lula se beneficiava dessa prática, chamou-se de Pixuleco o Lula gigante inflável que está percorrendo as capitais para gáudio de multidões.

Se passarem a fabricar o Pixuleco portátil e vendê-lo no mercado, tudo indica que terá o sucesso que o Fuleco não conheceu. Afinal, milhões de brasileiros sabem o que ele significa, que divulga uma causa nobre e é símbolo de um importante evento.

ruy castro

Ruy Castro – Folha de São

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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