Do pequeno capitão ao grande irmão

“FONTES MILITARES” – como sempre sob o resguardo do anonimato, segundo a Folha de S. Paulo – minimizam o repasse por Jair Bolsonaro da convocação para manifestação popular contra o Congresso Nacional. O presidente, segundo tais fontes, teria “pedido apoio” e não apoiado a manifestação. Nem Kant captaria a sutileza.

As tais fontes, ainda, justificam a revolta bolsonárica contra os corruptos do Congresso, seus apoiadores no STF e na imprensa e os esquerdistas em geral. As “fontes militares” trabalham com o léxico do Grande Irmão de Orwell, para quem servidão é liberdade, opressão é democracia e preto – por que não? – tem que ser branco.

Ou seja, as fontes militares fazem a distinção entre o empurrar para o abismo e o recomendar que pule para o abismo. Em outras palavras, absolvem e não surpreenderia se apoiassem os bolsodementes e o demente-chefe num golpe contra o Congresso, o STF, a imprensa e os esquerdistas em geral.

Essa justificativa significa que o governo Bolsonaro não pode conviver com as instituições que denunciam ou contêm seus abusos. Foi o discurso de 1964, que se repete em períodos da história republicana, desde Floriano. É a tutela militar, que ensaia combater a auto-proteção institucional pelo parlamentarismo branco.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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