E sociólogo, é perigoso?

Rogério Distéfano – O Insulto Diário

É perigoso transformar juiz em líder político.

FHC solta o verbo contra a candidatura de Joaquim Barbosa, o ministro presidente do Supremo que bancou o processo do mensalão. Se juiz pode ser perigoso, imagine o sociólogo. FHC até hoje é considerado o príncipe dos sociólogos brasileiros (a coroa continua com Gilberto Freyre, que nem era sociólogo, mas antropólogo). O ministro Moreira Franco também foi sociólogo, aluno de FHC, doutorado na França. Foi bom deputado, bom governador do Rio, é bom ministro de Michel Temer?

Origem e formação profissional não regulam para quem se candidata a cargo público. Importar os direitos políticos e a ficha limpa (aliás, nem isso, vejam os candidatos a presidentes, todos com folha corrida). De FHC vem apenas mais uma tolice contra Joaquim Barbosa, mascarando a frustração do tucano. Tem até uma lista marota na internet mostrando supostas deficiências do ex-presidente do Supremo. A gente lê até o fim esperando a verdadeira, oculta, deficiência: o candidato é negro.

A lista, cretina que só ela, afirma que Joaquim Barbosa nunca administrou nada. Não? E o Supremo, do qual foi presidente? Se administrar fosse qualificativo para a presidência a gente punha no Planalto o síndico do prédio ou o dono da panificadora. Que tal Flávio Rocha, o dono das Lojas Riachuelo? Administrador com experiência? Que tal Dilma, que faliu a lojinha de R$ 1,99 e depois faliu o Brasil com toda sua cantada capacidade gerencial?

O decálogo – são onze ítens – contra Joaquim Barbosa é mais uma das barbaridades que irão explodir na internet durante o período eleitoral. Como a rede tem imensa difusão e o povo não desgruda dela, esses bestialógicos fazem sucesso, inclusive os patrocinados pelos FHC da vida. Ninguém viu ainda, talvez falta de leitura e experiência, que o problema de Joaquim Barbosa tem outra e mais séria natureza: ele é autoritário, adverso ao diálogo e à dialética do convívio com a classe política.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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