Brasil Limpeza

Enfim o próprio deputado Eduardo Bolsonaro confirmou a desistência de ser embaixador nos Estados Unidos, o que já se sabia quando ele se atirou nesta briga feia para ocupar o cargo de líder do PSL na Câmara. Não quero entrar nessa de “eu avisei”, mas logo que apareceu esta ideia totalmente absurda escrevi que seria complicada sua realização, por causa do alto grau de comprometimento de imagem para os senadores, na sua obrigação de votar a indicação do presidente da República, que por uma incrível coincidência, neste caso é o pai do pretenso embaixador.

A realidade demonstrou com relativa rapidez o que ambos não tiveram capacidade pessoal de compreender quando se lançaram em direção ao objetivo inalcançável. O Senado que aí está é composto em grande parte por políticos dispostos a negociar muita coisa em benefício próprio. Aliás, a própria eleição de muitos senadores vem dessa intenção de se dar bem com o uso da política para fins pessoais. Porém, essa disposição só vai até o ponto em que esta atividade altamente lucrativa pode ser afetada negativamente pelo negócio.

Simplificando de uma forma que até Bolsonaro entenderia, não se corre o risco de matar a galinha de ovos de ouro, ainda que se apresentasse como altamente cobiçosa a transação para favorecer a caprichosa intenção de Bolsonaro em presentear o filhão com a embaixada dos Estados Unidos. Pelo desbalanço entre custo e benefício, claro que o negócio não daria certo. Agora está dado o ponto final em algo que nem deveria ter sido iniciado. O próprio filho mimado do presidente anunciou nesta terça-feira que desistiu do presente dificílimo de obter. Claro que com o orgulho fútil sempre impedindo a sinceridade, ele e o pai vieram com a alegação da necessidade da atuação dele para “pacificar” o PSL.

O alegado motivo da saída é demonstrativo da absoluta incapacidade de avaliação que levou pai e filho a empurrarem o governo em mais esta encrenca, complicando ainda mais a articulação política do governo, de um modo que eles evidentemente são incapazes de entender. É uma atrapalhação comum na “sabedoria” de Bolsonaro, que sabe como ninguém colher prejuízos sem que a ação sequer tenha sido colocada em prática. A relacão do Brasil com outros países, área em que o filho de Bolsonaro se julga um expert, está cheia de complicações criadas por esta dificuldade de planejamento de Bolsonaro e sua equipe, todos com uma inaptidão até meio idiota com o uso das palavras, que nas relações internacionais podem detonar bombas a partir de uma simples declaração informal de intenções.

Mas, enfim, está cancelada a indicação do garoto prodígio para a embaixada. Não deixa de ser uma boa notícia, ainda que seja no sentido do bode na sala e também traga junto uma preocupante informação para todos, mais grave ainda para o governo: o filho de Bolsonaro vai permanecer no Brasil.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em José Pires - Brasil Limpeza e marcada com a tag , , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.