Eliane e os mijões

VÃO EXPULSAR OS VELHINHOS? Pergunto, como sempre de chofre, à bela Eliane, guarda-municipal do Passeio Público. “Não, por quê”, ela repergunta. É que as mesas em que se reúnem e jogam todos os dias estão isoladas, nenhum deles por perto, galhos de árvores podados sobre elas. “Eles ficam”, diz Eliane, linda dentição cútis de porcelana, mulher suave e esbelta.

“O problema com eles é outro”, continua Eliane: “eles fazem xixi nas árvores. A gente fala, eles dizem que vão obedecer, nos distraímos e fazem novamente. O senhor imagine o cheiro que fica, pior que o da antiga jaula do leão”. Não tem banheiro para eles, pergunto. “Tem”, diz a bela Eliane, “depois do serpentário, mas eles não vão até lá”.

Eliane querida – impossível não chamá-la assim -, vai por mim, estou na categoria do pessoal do carteado aqui do Passeio. Nós, eles e eu, não conseguimos caminhar os duzentos metros daqui até o banheiro sem estragos nas calças. Fosse uma só vez, até daria, Eliane. O problema é que em duas horas de baralho são umas cinco idas. Eliane sorriu, sempre bela.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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