Eram duas caveiras que conversavam

Aprendendo a conviver com a morte na Cidade Maravilhosa

— Outra enchente no Rio de Janeiro?

— Não acredito! Que surpresa! É uma coisa totalmente imprevisível!

— Eu não entendo… A cidade já não tinha sido abençoada pelo papa?

— Será que foi uma inundação de água benta?

— Graças a Deus, foram só 10 vítimas fatais… Sem contar aquelas dodesabamento dos prédios da ENGEMILI, Milícia Empreendimentos Imobiliários.

— Mas se Deus é tão Todo-Poderoso, não seria melhor evitar a tragédia toda? Por que ele não salvou todo mundo? É muita incompetência…

— Isso me lembra aquela anedota sobre Deus criando o Mundo. Ele explicava para os anjos: “Aqui vai ser o Japão, com vulcões e tsunamis…Aqui vai ser os Estados Unidos, com furacões e terremotos…E aqui vai ser o Rio de Janeiro. Vai ter só umas chuvas mais fortes de vez em quando, mas vocês vão ver só o prefeito que eu vou botar lá.”

— É, mas, na verdade, não foi Deus que botou o cara lá. Você não votou no pastor? Foi você que botou o cara lá. Não bota a culpa em Deus, coitado.

— Pois é, eu votei no pastor porque achei que ele tinha um contato direto com o Todo-Poderoso, mas parece que ele não está articulado com o esquema do poder divino.

— Acho que Deus não está no comando e nem no serviço. E se ele é brasileiro mesmo, deve estar desempregado. Perdeu o emprego e agora deve estar por aí pedindo uma esmola, pelo amor dele mesmo.

— É, o cara não está nem aí. Deixou até a catedral de Notre-Dame  pegar fogo! É muito amadorismo…

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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