Estamos ferrados

Fernando Haddad não me parece ser má pessoa (embora me parecesse ser pessoa melhor, ou pelo menos mais íntegra, antes de aceitar o papel que está desempenhando nessas eleições).

Manuela é fofa e linda: difícil olhar para ela e não se encantar com aquele sorriso, aquele frescor de mocidade que é a imagem de tudo o que se deseja na política (pelo menos enquanto não expõe suas ideias) — uma pessoa jovem e dinâmica, cheia de boas intenções.

Mas meu maior pesadelo é vê-los no segundo turno contra Bolsonaro. Se Haddad for para o segundo turno, as chances de Bolsonaro vencer aumentam drasticamente.

Eleitor indeciso não vota no PT, que foi governo quatro vezes. Eleitor indeciso está por aqui com política e políticos, e é capaz de sair da inércia só para dar o troco no partido.

Até mesmo boa parte dos eleitores de Bolsonaro não vota no Bolsonaro, vota mesmo é contra o PT, contra um sistema que nos jogou na maior crise de todos os tempos e que, ainda assim, não desce do salto alto do bom-mocismo.

Vejo amigos meus muito felizinhos apoiando Haddad e enfeitando os seus avatares com o número 13, contentes com um candidato e uma vice tão gente-como-a-gente, deslumbrados com a eficiente campanha política do PT e sua linda música chiclete, sem perceber o abismo para o qual caminhamos, a locomotiva em direção contrária.

No mais, Bolsonaro ou Haddad no poder representariam a mesmíssima coisa: um país ingovernável, polarizado, dividido, a caminho de uma guerra civil. Ou do mais próximo que chegaremos disso.

Cora Rónai

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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