Eu hacko com ele

SUELEN PRISCILA. No começo pensei “é a Gleisi disfarçada, outro nome de guerra”. Nem precisei conferir a fundo. Inferi – aquilo do particular levar ao geral – que seria elaborado em demasia para a fogosa presidente do PT, areia demais para seu caminhãozinho. Em suma, Suelen Priscila existe, de carne e osso, atributos que a PF ainda não nos revelou.

O nome é nome, não pseudônimo, está na melhor tradição onomástica brasileira de copiar modelos do cinema: Suelen era a beldade sofrida de Dallas, mulher do milionário canalha da série de televisão americana dos anos 1970; e Priscila, o ônibus que carregava travecos em excursão pelo interior da Austrália, no filme clássico de Terence Stamp.

A moça – ainda posará nua na revista Trip, dará entrevista a Danilo Gentili e será protagonista de reality show – foi o poder atrás do hacking ao manipular o namorado, o DJ que teria liderado a invasão do celular do juiz Sergio Moro nas conversas não exatamente processuais penais deste com o procurador Deltan Dallagnol.

Cherchez la femme, descubram a mulher, dizem os franceses sobre as sedutoras que levam os homens ao abismo. Suelen Priscila é uma dessas, tirou o namorado da balada e o convenceu a montar quadrilha de hackers. Sofisticada, Suelen Priscila mocozou a quadrilha em Araraquara. Maquiavélica, essa menina.

Quem neste Brasil abençoado por um messias da idade da pedra imaginaria quadrilha de hackers em Araraquara? Bom avisar que a PF, com o talento que revela nas conclusões do crime, ainda pode jogar na fogueira dois ilustres nativos da cidade, a saudosa doutora Ruth Cardoso e o imortal Ignácio de Loyola Brandão.

Devia ter dito no início, para poupar tempo ao leitor discordante: quem compra a versão cara-de-pau e joão-sem-braço do ministro Sergio Moro, de que Suelen Priscila e sua turma de hackinhos amestrados venderam o material para o Intercept Brasil, merece passar duas horas na sauna com Carlos Bolsonaro.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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