Eu, Jaime Lechinski

Atividade profissional: um velho profissional, cada vez mais velho e menos profissional.

Atividades outras: molhos e assados, vez por outra um risoto e, sempre, as caminhadas sob o sol da manhã.

Principais motivações: o vinho que nos leva pela noite – papel que tanto cumprem os grifados como os ordinários. E as paisagens curvilíneas.

Qualidades paradoxais: paciência e, outra, pular da cama apesar de tudo.

Pontos vulneráveis: barulhos excessivos, sobretudo de motocicletas com escapamento aberto conduzidas pelos incivis – “protervos” também cai bem para defini-los – que circulam sem ser reprimidos pelas autoridades de trânsito.

Ódios inconfessos: a dissociação cognitiva que grassa nas redes sociais e em todas as esferas da nossa tragédia. E, claro, a mesquinharia.

Panaceias caseiras: canja de galinha e silêncio.

Superstições invencíveis: que a lei de Murphy está em todas as esquinas, sobretudo naquelas em que irei passar e, outra, a de que quando chegar minha vez de dançar o gaiteiro irá ao xixi.

Tentações irresistíveis: bacon, azeite de oliva, tequila, jornal impresso, noticiário on-line, bons documentários na TV e café macchiato, este até quando só. E filmes clássicos nas madrugas de sábado.

Medos absurdos: a morte por asfixia. Outro: motoqueiros barulhentos a abafar as loas que eu eventualmente possa merecer na hora do enterro.

Orgulho secreto: ter ficado em silêncio nas inúmeras ocasiões em que estive à beira de pronunciar uma enormidade.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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