O JUIZ PAULISTA abriu-me os horizontes: sou, fui e sempre serei merdocrata. Não por escolha ou convicção, mas por circunstância. Jesus e a bispa Damares estão de prova que desde que tirei o título de eleitor votei nos candidatos que para mim eram os melhores. Poucos foram eleitos, o que considero um desencargo de consciência.

VOTEI EM ALGUNS que considerava bons e que foram eleitos, como as duas vezes no centauro do Bigorrilho, sendo uma para prefeito e outra para senador – portanto tenho a alma pacificada quanto a isso, pois ele foi breve como prefeito e distante e inofensivo como senador. Mas votei em José Serra e em Beto Richa, uma vez em cada.

VOTEI NO SERRA ignorando seu delírio messiânico e o contubérnio com Paulo Preto. Votei no Richa pelo mal menor, que acabou imenso. Não digo que só votei em merdas e os que elegi na crença de não serem merdas acabaram por fazer merda. A merdocracia segue a verdade, absoluta e fecal: a merda nunca afunda, sempre flutua na superfície.

FAZ TEMPO que anulo o voto. Compareço à urna para escapar da multa injusta pela revelia eleitoral e ser punido por não contribuir para o mal elegendo um merdocrata. Sofro de constipação eleitoral. Quem constroi a merdocracia? Não são os eleitores – estes são apenas os intestinos onde a merdocracia é produzida e expelida na sua exuberância de odores.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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