Felipe Hirsch

Tenho um certo carinho pela vice crítica de teatro do Jornal O Globo, a Sra. Tânia Brandão. Ela me fez escapar da tal unânimidade burra quando escreveu a única crítica negativa que tivemos do espetáculo Não Sobre o Amor. Pois bem, se faltava algum motivo pra você assistir a nova peça da Sutil, não falta mais. Ela “falou mal do espetáculo”. A peça não atingiu as estrelinhas nos requisitos básicos de sua cartilha.

Que falta de informação! Mas a Sra. poderia superar a falta de informação com inteligência. Que falta de inteligência! Mas a Sra. poderia superar a falta de inteligência com imaginação. Que falta de imaginação! Mas a Sra. poderia superar a falta de imaginação com sensibilidade. Que falta de sensibilidade!

É, a Sra. deveria se dedicar um pouco mais. É curiosamente agressivo ler a palavra “infantil”, escrita por alguém que balbucia, tateia, mas não sabe o que falar. Fica chato sentar na platéia e tentar julgar, sem nenhuma dessas qualidades acima, um trabalho que desenvolvemos ao longo de 8 anos. Cá entre nós, sem entrelinhas, nós sabemos que a Sra. não entendeu nada, não é? Então, da próxima vez, pense antes de tentar emitir uma opinião em um jornal, sobre um trabalho sério. A Sra. tem razão, é precioso sim. Portanto, com esse nível, fique longe dele.

Olha, só pra ajudar, caso a Sra. queira assistir de novo, não mesclei sequer uma referência pessoal, anetoda, ou seja lá o que for ao texto de Sam Lipsyte. Usamos o livro quase integralmente. Ele foi escrito por um autor, diversas vezes indicado ao Prêmio Pulitzer, professor de literatura da Columbia University (já que a Sra. dá aula na Unirio e respeita tanto isso), especialista em literatura independente, marginal e do leste europeu.

Outra coisa: todas as cenas pornográficas, escatológicas, as que envolvem violência, aberrações, drogas, que tanto incomodaram a Sra., não são soluções pra nada, estão contidas no livro original e na idéia. Cada ato, cada minúsculo item desse espetáculo foi mais pensado do que a Sra. pode sequer sonhar.

Portanto, a dica mais importante, caso a Sra. queira tentar de novo: As tais “rupturas lógicas dos fatos” e o “recurso das gargalhadas gravadas” são um indício de que a Sra. pode estar assistindo algo bem além de sua informação, inteligência, imaginação e sensibilidade. Cuidado aqui. Não aceite escrever no jornal da próxima vez. A Sra. estará ajudando o mundo (e o teatro) a se nivelar por baixo de sua mediocridade.

Uma última coisa: É claro que o “peso do tempo e das palavras”, nós o escolhemos. Ficou muito pesado pra Sra.? É uma pena.

Felipe Hirsch

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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