Ronaldinha da grilagem

Érika Andrade de Almeida Araújo recebia insignificantes R$ 4.800 como advogada quando o marido Rivaldo Barbosa de Araújo, delegado de carreira, foi alçado à chefia da divisão de homicídios às vésperas do assassinato da vereadora Marielle Franco e o motorista desta, Anderson Gomes. Como por mágica, sortilégio até acidental coincidência, Érika passou a atender empresas de fachada que atuavam no mercado imobiliário. Não por acaso o mesmo mercado que teria levado os irmãos Brazão a mandar matar a vereadora que criava dificuldades às milícias da grilagem de terras.

Os Brazão, Rivaldo e Érika estão sob prisão preventiva enquanto respondem como mandantes e beneficiários pelos homicídio. Até que uma reviravolta incompreensível dos STJ e STF revele que a morte foi suicídio-homicídio póstumos, vingança de Marielle contra adversário, Érika é considerada cúmplice do marido e dos Brazão. Preparemo-nos para a justiça absolver Érika como um fenômeno empresarial, uma “Ronaldinha dos negócios”. E faria sentido: o que esperar de quem comparte a vida, o leito e a fortuna com outro craque, “um Rivaldo da segurança.” Infelizmente, o Brasil é feito dessas infelizes coincidências.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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