Incitatus

Calígula, imperador Romano, reinou de 37 a 41 depois de Cristo. Ele amava seu cavalo Incitatus (impetuoso). Nomeou-o Consul.

Incitatus passou para a história como um excelente cavalo de corrida. Calígula ordenava absoluto silêncio em Roma na noite após as corridas equestres – para que Incitatus pudesse dormir o sono dos justos.

Se alguém fizesse barulho em Roma, seria condenado à morte.

Essa história poderia ser repetida.

Imaginem um presidente cavalo, assim como alguns deputados, senadores, governadores, prefeitos ou vereadores?

A política seria muito mais transparente e sincera.

E a pandemia presidente? Incitatus responderia com um relincho.

E a corrupção senador? Ele bufaria e balançaria a cabeça.

Caso alguém perguntasse algo que o cavalo não gostasse, ele seria direto: – dava um coice em seu interlocutor.

Nas comemorações nacionais o cavalo presidente e os seus aliados trotariam em grande estilo em meio às multidões.

A população votaria em peso nele e os tribunais aprovariam seus atos.

O presidente cavalo, ou cavalo presidente, governaria o Brasil por longo período. Ele e seus assessores.

Após a sua morte seria erguido um enorme monumento em Brasília. Suas fotos oficiais seriam eternizadas nas repartições públicas.

Mas, o governo de Incitatus tupiniquim, poderia ser interrompido?

Somente se as pessoas lúcidas acordassem e percebessem os descalabros da sua gestão equestre, entre relinchadas e coices, pela indiferença na morte de milhares de vítimas de um vírus que assolava o país.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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