Inter Rogatório

— Nome?
— Exatamente Commo Sepro Nuncia.
— E como se pronuncia?
— É por parte de pai: Sepro Nuncia.
— Tá bem, o senhor já disse.
— Não, Jadisse é como se chama minha irmã.
— Sua irmã? Mas eu não quero saber da sua
irmã, só quero saber o seu nome.
— E eu já respondi, que aliás também é o nome
do meu tio já falecido.
— O nome do seu tio já falecido?
— Eurres Pondue.
— Não respondeu.
— Não. Nãorres Pondeu é o filho dele, que vem
a ser meu primo.
— Se ele não está aqui, como não respondeu?
— E precisa estar? Nãorres Pondeu? Por quê?
—Eu não tenho que dar respostas, só tenho
que fazer perguntas. E a pergunta é a
seguinte: como é o seu nome?
— Exatamente Commo Sepro Nuncia.
— E como se pronuncia exatamente?
— Aí o senhor está invertendo as coisas.
Como se costuma fazer nas passagens de avião.
— Invertendo o quê? Eu só quero saber o seu
nome, como se pronuncia exatamente.
— Tá vendo? O senhor disse, em primeiro lugar,
Commo Sepro Nuncia. E, depois, Exatamente.
Está errado.
— E como é o certo?
— Commo é o mais certo de todos, pois esse
é por parte de mãe. O senhor sabe: de mãe,
não se tem dúvida.

(Pausa longa. Até a manhã seguinte.)

Texto publicado originalmente na revista Raposa, sob a implacável direção de arte de Miran, el maestro.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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