Jair Bolsonaro e o PT: direita e esquerda se juntam contra a Lava Jato e Sergio Moro

Agora com Jair Bolsonaro totalmente empenhado em acabar com a Lava Jato, este presidente fake news — eleito exatamente no embalo do sentimento de ética na política trazido por um trabalho contra a corrupção altamente renovador da esperança — lança seus seguidores numa situação constrangedora: serão obrigados a extirpar mais esta peça fundamental de sua estrutura de caráter.

Mesmo o bolsonarismo já tendo eliminado Sergio Moro de sua galeria de ídolos, com a militância passando a atacar o lendário ex-juiz da Lava Jato com a mesma agressividade e acusações tão imbecis quanto as que costumeiramente fazem a qualquer adversário, será complicado entrar na mesma linha de ataque do PT e seus parceiros dos puxadinhos de esquerda.

Na retórica de um bolsonarista e mesmo de um olavista, nesta nova condição de estorvo aos planos de Bolsonaro e sua família, a Lava Jato teria de ser encaixada nos maléficos planos do comunismo chinês para dominar o mundo. Será uma dificuldade fazer qualquer um que não seja um bolsonarista idiota (com o perdão do pleonasmo) engolir algo tão fora de propósito, mas não duvidem que eles podem vir com mais esta.

Os petistas puxam de seu lado uma cantilena maledicente e desonesta de que a Lava Jato atende aos interesses do governo dos Estados Unidos, mas com seu grande líder fazendo continência por aí para a bandeira americana não dá para um bolsonarista seguir por esta retórica tola. Todo mundo conhece a lorota petista: a Lava Jato quebrou grandes empresas brasileiras “em conluio com o FBI, para criar mercado para as americanas”.

É um fake news que não pegou, mas encerrou a militância petista em mais um de seus raciocínios idiotas, fazendo do PT este partido de desqualificados que aí está, colocando a esquerda brasileira numa condição eleitoral de ter de bolar grandes estratégias até para eleger vereador de cidade pequena. Se o partido do Lula tivesse feito algo que presta no poder, esta defesa de corruptos da iniciativa privada mancomunados com ladrões dos cofres públicos talvez pudesse ser qualificada como um “rouba, mas faz”, mas como o PT não fez nada, tal raciocínio não serve nem pra isso.

Quanto à corrupção, quem conhece política sabe que faz muito tempo que Jair Bolsonaro e PT estão se dando muito bem neste assunto, cada um de seu lado. A aliança atual entre direita e esquerda para acabar com a Lava Jato nada mais é que o oportunismo forçando o círculo a se fechar. Aliás, mesmo no que toca a maledicência, a manipulação da informação e até mesmo a violência política, Bolsonaro e a maioria dos esquerdistas só divergiam em relação aos alvos, agora cada vez mais próximos.

No entanto, voltemos à parceria da esquerda e da direita na defesa da ladroagem, para a qual eles buscam enfiar na legislação eleitoral até uma lei anti-Moro e acabar com o “lavajatismo”, neologismo que no sentimento popular é um adjetivo. Agora bolsonaristas e petistas se juntam para transformá-lo em um palavrão. Para combinar o discurso, seguidores de Bolsonaro e petistas terão de fazer de Moro um agente duplo. Vocês não sabiam?

Não espalhem, mas na verdade não foi só a serviço dos Estados Unidos que a Lava Jato quebrou nossas empresas. Moro e os procuradores do Ministério Público agiam também para favorecer a China.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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