José Dirceu e os muitos bons dias da militância pela frente

José Pires – Brasil Limpeza

O último recurso de José Dirceu em segunda instância foi negado por unanimidade pelo TRF-4 próximo das duas da tarde desta quinta-feira e logo depois, às 19:30, a juíza Gabriela Hardt mandou prender o ex-ministro de Lula e poderoso líder petista. A 13ª Vara Federal funciona com rapidez mesmo quando o juiz Sérgio Moro está em viagem. E a competência do pessoal de Curitiba complica bastante a agenda do PT. Nessa mesma tarde a presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann, estava ocupada com outros assuntos, lançando nota sobre o relatório da Polícia Federal onde ela é acusada de ter recebido dinheiro da TAM e da Consist. Segundo a PF, Gleisi recebeu mais de T$ 1,3 milhão em propina e caixa dois. Quanto ao companheiro que teve decretada a prisão, o partido não se pronunciou, muito menos Gleisi. Não teve nem um “Forza, Dirceu!” no Facebook dela.

Na mesma tarde em que era decidido o destino do político que na presidência Lula dizia ser o capitão de sua equipe de governo a senadora Gleisi também se ocupava em tentar manter um clima de unidade em torno do condenado Lula. Apavorados com a falta de estratégia do partido para enfrentar uma eleição difícil, lideranças petistas apontam a necessidade de partir para outra solução, fora do chororô na frente da Polícia Federal, em Curitiba. A insatisfação inclui até mesmo Camilo Santana, do Ceará, e Rui Costa, da Bahia, governadores petistas. Já existe até a proposta de saltar logo para a candidatura de Ciro Gomes.

Agenda difícil, não é mesmo? Com a agilidade da PF, do MPF e do Judiciário o ritmo das decisões do partido do Lula fica ainda mais agitado. Torna-se ainda mais claro a furada que foi atrelar a pauta política do partido exclusivamente à prisão do chefão. Nesta eleição, o PT vai morrer acampado em Curitiba. Neste caso, a prisão de Dirceu traz a necessidade inclusive de ajustar sua presença em Curitiba à patética ação política cotidiana de militantes acampados próximo ao lugar onde Lula cumpre pena por corrupção e lavagem de dinheiro.

Vão estender o “bom dia” dado todos os dias a Lula ao correligionário que desde a fundação do partido era o segundo homem do PT? Levarão Dirceu até a porta da prisão aos gritos de “guerreiro do povo brasileiro”? Na última prisão dele, pelo mensalão, a animação da militância era maior. As invenções ridículas de marqueteiros amadores vão sendo testadas de uma forma para a qual os gênios de criação não pensaram em nenhuma saída. Se houver a intenção desse tipo de solidariedade a Dirceu, convém que os militantes desarmem as barracas e aluguem casas na capital do Paraná. Ele foi condenado a mais de 30 anos de reclusão.

A mesma medida terá que ser tomada em relação a Lula. Todo mundo saindo da barraca e alugando casa. O chefão do PT deve ficar muito tempo na cadeia. Serão acrescentados mais anos de condenação com as outras ações em andamento. Na ação do Sítio de Atibaia já se sabe de provas da propina em nova planilha descoberta pela PF com o registro dos gastos de caixa dois da Construtora Odebrecht com reformas no sítio. Nova condenação parece estar a caminho. E além dessa, outras ações devem ter decisão logo. Como se sabe, a Justiça está com uma agilidade espantosa. A militância que se acomode bem, em moradia definitiva. É provável que não demore muito para que haja a necessidade de dar “bom dia” até para a pessoa que está por detrás dessas patetices, a senadora Gleisi Hoffmann, com as pesadas contas que ela tem que prestar à Justiça.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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