Bolsonaro, o valentão que arruma mais encrencas do que pode enfrentar

Esta confusão internacional com o desligamento da participação de Cuba do programa Mais Médicos, do Governo Federal, revela incompetência grave em dois lados da política brasileira, numa esquerda que esteve no poder por mais de uma década — com a criação ou o agravamento de todas as graves questões que travam a vida nacional — e numa direita que entra agora no poder.

A raiz do problema vem do governo do PT, que conforme é revelado agora aos brasileiros, da pior forma, estabeleceu um programa de assistência de saúde aos mais pobres com a dependência externa seriamente comprometida, em percentual altíssimo, ao interesse de um governo estrangeiro. A subordinação ao controle e às idas e vindas políticas de estrangeiros seria grave de qualquer forma, mas é bem mais irresponsável e típico da cumplicidade histórica entre a esquerda que esta perda de autonomia tenha relação com Cuba, que independente de qualquer juízo de valor sobre a ideologia de seu regime político, não conta hoje em dia com a possibilidade de garantir estabilidade em qualquer tipo de relação.

Outra incompetência, que desenvolve o problema em vez de contê-lo, é a do presidente eleito Jair Bolsonaro, expoente eleitoral de uma direita que antes mesmo da posse oficial continua a dar vazão a um comportamento de uma ousadia sem fundamento ou valor prático a não ser o da sedução fácil do eleitorado, porém sem a possibilidade prática de atender às altas expectativas criadas na apelação politiqueira. Para usar uma imagem própria dessa tigrada, Bolsonaro se comporta como aqueles lutadores de MMA que se exibem em vídeos na internet de um modo idiota e subestimando o adversário. Todo mundo sabe como o vídeo termina. Pobre deste país vitimado por uma esquerda ladra e incompetente, que criou inclusive as condições do surgimento de uma direita  que tem uma segurança idiota no próprio gogó.

O caráter bravateiro dessa direita pode impor ao Brasil um comportamento de valentão, na desinteligência de lidar com os problemas de forma espetacular sem atuar diretamente na organização de soluções sustentáveis, ainda gerando confusões maiores antes de garantir uma estratégia de controle do problema. Vem daí este caso da encrencada condição do Programa Mais Médicos, com a saída repentina dos profissionais cubanos. Desse mesmo jeitão chucro outras complicações já foram desenvolvidas nesses poucos dias anteriores à posse em janeiro, antecipando até mesmo a necessidade do país se ocupar de problemas que eram inexistentes antes do governo Bolsonaro vir a público boquejar sobre sua valentia para encarar tudo o que está aí e mais um pouco.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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