Nomeação do filho do general Mourão: o erro crasso do governo Bolsonaro

Nunca teve um governo em seu início com tantos acontecimentos contrários a sua proposta essencial de campanha, que era a de moralizar o Governo Federal. Nesta terça-feira surgiu outro caso de locupletação, com o general Hamilton Mourão encaixando um filho em uma boca boa no Banco do Brasil. Antonio Hamilton Rossell Mourão, filho do vice de Bolsonaro, foi promovido a assessor especial do novo presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes. A notícia é do site O Antagonista.

O cargo anterior do filho de Mourão no banco era de assessor empresarial, com salário de 12 mil reais. Agora ele receberá 36 mil reais por mês. Na nova função ele também entra em um programa do banco, o PAET, que garante um bônus para quem ocupou cargo por dois anos, com um ganho na saída que é de 2 milhões de reais em média.

Esse pessoal parece que não compreendeu muito bem a expectativa dos eleitores de Jair Bolsonaro. Ele foi eleito para mudar o país e não para mudar o país de mãos.

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A extraordinária ascensão do filho do general Hamilton Mourão é o tal do erro sem volta, porque mesmo se for anulada sua promoção para um cargo no Banco do Brasil que fez seu salário saltar de 12 mil reais para 36 mil reais, a decisão não consertará o essencial, que é a quebra do conceito de honestidade. Com o governo Bolsonaro tão cercado de suspeitas — que atingem até o próprio presidente e sua mulher, com a história mal contada do alegado empréstimo ao famoso amigo Queiróz — sobrava o general Mourão como figura inatacável.

A boa reputação do vice de Bolsonaro andava compensando os tantos desacertos deste período inicial de governo e lhe concedia inclusive autoridade para intervir em algumas situações, passando para a opinião pública a sensação da existência ainda de algum senso de ordem e respeito. Agora isso ficou para trás. Se o seu filho continuar no cargo, acabou mesmo de vez o respeito com o governo Bolsonaro. E se voltarem atrás, vai ficar sempre a aparência de que só fizeram isso porque a mamata foi descoberta.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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