Licença poética

Rogério Distéfano – O Insulto Diário

SEMPRE INOVADOR, o Brasil pode ter o primeiro presidente com a primeira filha de braços amputados. Melhor – ou pior: por ela mesma, sem ao menos deixar um deles para escrever a história. O primeiro presidente é Michel Temer. A primeira filha é a primeira filha dele, Luciana, doutora e professora de Direito na mesma matéria na mesma universidade onde o pai fez carreira.

Luciana declara que ficará braceta (o maneta mais acima) se ficar provado que o pai falou “tem que continuar isso aí, viu?” na conversa com Joesley Batista. Lembram? Aquele grampo do encontro noturno no Palácio do Jaburu onde se teria discutido propina da Friboi ao deputado Eduardo Cunha. A quase futura biamputada defende o pai, como fazem os filhos em geral, até o nosso conhecido João Sem Braço.

Perdão, o João em questão é o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, na época assessor de Michel Temer. Fiquem tranquilos, Luciana nunca podará os braços. Trata-se de licença poética da filha que se orgulha do pai que em viagens para o sítio declamava inteiro o ‘Navio Negreiro’, de Castro Alves. Rodrigo, de seu lado, apenas imitou o João da lenda urbana: entregou os anéis, o conseguinte do “isso aí”, e conservou os dedos. E os braços.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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