VOCÊ TEM CARA DE HOMOSSEXUAL. Assim o presidente Jair Bolsonaro respondeu ao repórter que perguntava sobre as estripulias de Flávio, o filho, nas rachadinhas com Fabrício Queiroz. Antes de criticá-lo, temos que examinar a resposta com objetividade científica: o presidente evoluiu. No tempo de deputado diria “você tem cara de viado”.

NOSSO PRESIDENTE não conhece a liturgia em geral e a liturgia do cargo em particular. A primeira, por ser evangélico, crença em que o fiel fala livremente com Deus, na língua da alma, sem o bolodório ritual da missa, por exemplo. A segunda, porque é iletrado, ignorante, sem classe, sem educação, sem qualquer preparo para a função.

JOSÉ SARNEY, que teve filhos mais malandros que Flávio Bolsonaro, jamais baixaria o tom. Nele, tudo era liturgia, nos dois sentidos, o religioso e o político. Quando visitou Tancredo Neves, nas últimas, Sarney elogiou o polegar que Tancredo lhe mostrava, o sinal de OK. Nunca disse que o falecido presidente mostra o dedo do meio.

FALHOU, SIM, o repórter, aferrado à liturgia de seu cargo. Respondesse como o velho Antonio, pai da jornalista Tonica Chagas: “Vossa Excelência tem cara de ânus e defeca quando abre a boca”. Melhor, só a resposta do japonês recalcado à podóloga que lhe extraía a verruga do pé – “O senhor tem olho de peixe”. “E a senhora tem cara de puta”, respondeu o japa.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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