Lula depõe pela terceira vez em Curitiba, agora para substituta de Moro

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestará depoimento pela terceira vez na Justiça Federal do Paraná nesta quarta-feira (14) –só que, agora, à substituta do juiz Sergio Moro, Gabriela Hardt.

É a primeira vez que Lula depõe depois de ser preso e também a primeira vez que irá encontrar Hardt, que assumiu os processos da 13ª Vara Federal de Curitiba na semana passada, depois que Moro aceitou o convite de Jair Bolsonaro (PSL) para ser ministro da Justiça. O depoimento está marcado para as 14h.

Aliados esperam que o ex-presidente aproveite o momento para se manifestar sobre a indicação de Moro ao ministério e questione a imparcialidade do juiz, que deve pedir exoneração até o fim do ano.

“De alguma forma, ele vai passar uma mensagem ao país”, afirmou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que viajou a Curitiba para acompanhar o depoimento. Para ele, o processo está “desmoralizado” depois que Moro aceitou o convite de Bolsonaro para o ministério.

Bolsonaro já declarou que Lula irá apodrecer na cadeia e afirmou ser favorável ao fim da progressão de pena –medida que afetaria o ex-presidente, detido desde abril.

Réu na Operação Lava Jato, Lula será interrogado na ação sobre o sítio de Atibaia (SP), que era frequentado pelo petista e sua família e que, segundo o Ministério Público Federal, pertencia de fato ao ex-presidente.

Ele é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro nas obras do sítio, que foram feitas a seu pedido e pagas pelas empreiteiras OAS e Odebrecht, segundo a denúncia. Os valores teriam sido custeados com dinheiro desviado de contratos na Petrobras.

Lula nega a acusação, diz ser perseguido juridicamente e afirma nunca ter sido proprietário do sítio, que está em nome dos empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna.

Militantes que pedem a libertação do ex-presidente devem se concentrar em frente à Polícia Federal, onde Lula está detido depois de ter sido condenado em segunda instância, por corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex do Guarujá.

Depois, o grupo segue à Justiça Federal, onde ele será interrogado. Alguns deputados petistas, assim como o ex-presidenciável Fernando Haddad, que irá visitá-lo pela manhã, também devem viajar a Curitiba.

Mas, ao contrário dos depoimentos anteriores, não está prevista a realização de grandes atos, nem são esperadas numerosas caravanas de outros estados.

“Não é fácil ficar mobilizando a toda hora; a gente vem de um processo de eleição”, disse Lindbergh.

O esquema de segurança em torno da sede da Justiça Federal também foi reduzido: apenas um pequeno trecho na avenida Anita Garibaldi, no entorno do prédio, ficará bloqueado para carros. O bloqueio começará somente após a chegada da escolta da PF e deve durar até o término do interrogatório.

Além de Lula, prestará depoimento nesta quarta o pecuarista José Carlos Bumlai, que também é réu, acusado de pagar parte das obras iniciais no sítio.

O ex-presidente ainda responde a outro processo na Justiça Federal do Paraná, sobre a compra de um terreno que seria destinado ao Instituto Lula –além da ação do tríplex, na qual foi condenado em segunda instância e contra a qual recorreu aos tribunais superiores.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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