Lula, a bala de prata de Dilma, saiu pela culatra

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Cinco dias depois de Dilma disparar sua bala prateada contra o impeachment, os próprios petistas reconhecem: a nomeação de Lula como ministro-chefe da Casa Civil saiu pela culatra. O governo radicalmente outro que o disparo pretendia criar não veio. Dissemina-se no Planalto e nos partidos supostamente governistas a impressão de que o momento para uma virada radical de expectativas já passou.

Dilma e seus devotos já não podem contar com a retórica do vamos lá, companheiros, para contrapor à realidade do mesmo governo descoordenado de sempre. Tudo ficou muito escancarado. Faltou algo que é essencial para o êxito de qualquer articulação política: o recato.

Lula virou ministro para asilar-se no STF. A plateia percebeu a manobra instantaneamente. Segundo o Datafolha, 68% dos brasileiros concluíram que o investigado só aceitou o cargo para fugir de Sérgio Moro. E 73% avaliaram que Dilma agiu mal ao oferecer refúgio no Planalto para o antecessor enroscado.

Sem outra alternativa, Sérgio Moro remeteu os autos sobre Lula para Brasília. Antes de abrir mão do caso, porém, o juiz levantou o sigilo do processo, disparando uma rajada de grampos que fez de Lula um cadáver político. O ministro Gilmar Mendes, do STF, suspendeu os efeitos da posse. E devolveu o corpo ao juiz-legista da ‘República de Curitiba’.

Na noite desta segunda-feira, o cadáver político de Lula jantou no Alvorada com Dilma e auxiliares. Mastigaram dados amargos. Pelas contas do Planalto, será renhida a disputa na comissão que processa o impeachment na Câmara. Há chances reais de derrota. O governo já se equipa para tentar reverter no plenário.

A liminar de Gilmar Mendes pode sobreviver à Páscoa, esticando e aprofundando o desgaste. Tomado pelo que diz em privado, nem Lula se apega mais ao mito de Lula. Ele também está, pragmaticamente, escolhendo o discurso do possível: ou o governo segura o PMDB ou será difícil deter a derrocada. E o PMDB, que fareja a perspectiva de poder que exala de Temer, parece não querer nem conversa.

Blog do Josias de Souza

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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