Marta Suplicy fora da política

A senadora Marta Suplicy anunciou nesta sexta-feira sua desfiliação do MDB e sua saída da política. Em nota, ela afirma que atuará apenas na sociedade civil. A imagem que ela pretende dar a esta retirada é de renúncia, mas a verdade é que foram tantos passos errados desde a criação do PT, do qual ela foi uma fundadora, que atualmente na política a senadora não tem muita coisa para abandonar.

Nos últimos anos em que esteve no PT, ela assistiu às maiores bandalheiras do partido sem tomar posição alguma. Passou pelo mensalão, depois veio o petrolão, os petistas foram abusando da política brasileira de uma forma nunca vista, com propinas para os amigos do poder e pressões políticas sobre adversários e críticos do governo. Instituições foram aparelhadas, com o sistema político servindo de mero instrumento para uns poucos ganharem dinheiro de forma ilícita e se aproveitarem dos cofres públicos.

Foi um período de destruição econômica do país e de um rebaixamento moral da política e da sociedade brasileira como nunca houve em nossa história. Mesmo assim, Marta manteve-se calada, aproveitando um ou outro naco de poder, pegando ministério de pouco peso político, alguma verba eleitoral, sempre à espera de uma fatia maior do poder, o que Lula jamais permitiu. A senadora só foi assumir uma contrariedade ao descalabro imposto ao país por Lula e seu partido quando forças políticas e sociais já estavam para tirar o chefão do PT e sua pupila Dilma Rousseff do poder com o impeachment.

Mas já era tarde. A carreira política de Marta já descambava quando ela fez a mudança para o MDB, abandonando seu partido em ruínas. Na última eleição municipal, ela sofreu uma derrota dura na cidade onde tem sua base eleitoral. Ficou em quarto lugar na disputa pela prefeitura de São Paulo, com menos de 10% dos votos válidos. E se fosse disputar as eleições desse ano não poderia tentar de jeito nenhum a reeleição para o Senado. Teria sérias dificuldades até na eleição para a Câmara Federal.

Por inabilidade, arrogância e uma aliança de longo tempo com parceiros que ela deixou de perceber que jamais lhe dariam espaço para crescer, a senadora afundou sua carreira de tal forma que acabou ficando com pouquíssima chance de se restabelecer politicamente. Marta Suplicy procura escamotear o fracasso de sua carreira com uma despedida em tom de renúncia, mas na verdade foi a política que renunciou a ela.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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