MiniDicionário da Língua Brasileira, por Mestre Werneck

Abecedário – conjunto de sinais gráfico que, às vezes, se encontram para formar palavras inteligíveis – escritas ou proferidas.
Ditongo – pessoa duas vezes tonga.
Conversa – palavras provindas do abecedário (ver acima) que se misturam no ar, em diversas alturas de som, depois de sair da boca de uma ou mais pessoas, se desencontrando nos ouvidos mais próximos.
Conversa 2 – troca de palavras que escondem os pensamentos.
Discussão – mesmas palavras da conversa (ver acima), só que mais misturadas ainda e sem nenhuma intenção de inteligibilidade ou transmissão de pensamento.
Discurso – reencarnação de palavras mortas e enterradas. Ex.: Vossa Senhoria, Excelentíssimo Sr., Nobre Deputado, Caríssimos colegas, etc.
Escrita – tentativa de registro dos raros pensamentos, geralmente enevoados, inconclusos e entrevados.
Analfabeto – confundido com ágrafo.
Ágrafo – confundido com ágrafo.
Dicionário – o mesmo que cemitério, museu, mausoléu, tumba.
Minidicionário – o mesmo que dicionário, só que retiram dele o que não se precisa mesmo saber. Ou o que acham que a gente já sabe.
Abreviatura – todo e qualquer modo de escrita que reduza o tempo de comunicação e dificulte o entendimento.
Palavrão – linguagem do povo, pelo povo e para o povo.
Língua – parte do corpo humano que serve para degustar Big Mac.
Palavra – conjunto de letras, geralmente com alguma forma de aleijão, que pode ser escrita ou falada.
Acentuação – sinal que fica muito bem na linguagem falada. Na escrita é apenas enfeite que não encontra lugar.
Tritongo – pessoa três vezes tonga.
Sussurro – conversa de telenovela. Na vida real não existe.
Vocabulário – conjunto de palavras (vide acima) que está em extinção.
Vocabulário pessoal – conjunto mínimo de palavras usadas para expressar tudo todo o tempo.
Papo – dificuldade de entendimento oral entre duas ou mais pessoas, causada, geralmente, por uso de expressões idiomáticas de baixo calão.
Sinônimo – elemento lingüístico em fase de extinção.
Antônimo – ver Sinônimo.
Frase – desconjuntado de palavras que se atropelam para atravessar o brejo das idéias. Geralmente, afunda.
Crase – sinal gráfico mais chato que existe. Pior que sinal vermelho do semáforo à noite: só serve pra ser furado.
Pontuação – sinais gráficos que não funcionam na linguagem escrita e na falada só servem para puxar fôlego.
Gramática – conjunto de leis da linguagem que caiu em desuso no século 19.
Gramática (2) – lugar perigoso, habitado por animais de nomes estranhos: apócope, sinédoque, silepse, cacófato, etc.
Pronúncia – geralmente confundido com sotaque.
Sotaque – ninguém sabe bem o que é, mas confunde com pronúncia.
Expressões – pequenos achados lingüísticos que substituem frases, pensamentos, discursos, vocabulário, linguagem, ser humano. Ex.: Ducara(*), que filha-da-p(*), por(*), tomá no c(*), tá ligado?, etc.
Redação – praga do Vestibular.
Livro – objeto quase em desuso por causa da internet e dos videogames.
Leitura – preâmbulo rápido para o sono.
Leitura (2) – programação de férias, quase sempre abandonada por coisa melhor para fazer.
Biblioteca – lugar onde se faz xerox de livros que nunca vão ser lidos.
Exclamação – símbolo gráfico geralmente usado abundantemente por quem não se admira de nada com nada. Na linguagem falada é facilmente trocado por um ducara(*) ou por (*) (ver Expressões), mesmo sem ênfase.
Livraria – lugar onde se compra CD, DVD, conveniências em geral.

*Rui Werneck de Capistrano é autor de inúmeras besteiras, todas disponíveis

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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