Non compos mentis

O PRESIDENTE jura que não quis ofender os nordestinos ao chamá-los de ‘paraíbas’. Claro que não. Ele também não quis ofender Maria do Rosário ao dizer que ela não merecia ser estuprada. O presidente não dá uma dentro, mesmo. Sua defesa sobre os ‘paraíbas’ é de amargar: é casado com filha de cearense. É do tipo que afirma não ter preconceito contra preto porque tem amigo preto.

JAIR BOLSONARO faz dessas sem parar: seu sogro é conhecido como ‘Paulo Negão’; e elegeu deputado federal o grande amigo, também negro, que, envaidecido, disputou a eleição com o sobrenome Bolsonaro. Coisa mais batida, clichê sovado. Hannah Arendt, no livro ‘Eichmann em Jerusalém’, conta que o carrasco nazista invocava uma bisavó judia diante do tribunal que o julgava.

QUANDO NOSSO CAPITÃO solta a língua desabrida e incontrolável o universo se encolhe de vergonha. O Brasil passa vexame com o presidente que fala sem medir consequências, que não pensa antes de falar porque não consegue pensar com lógica e lucidez, apenas jorrar preconceitos do inconsciente, a parte operacional de seu cérebro. A ciência tem nome para a coisa: ‘non compos mentis’.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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