Nossa Saúde: memória: aprenda a preservar a sua

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Valéria Prochmann

A memória é aquilo que nos caracteriza como indivíduos. Nossa forma de pensar, de agir, de planejar depende estritamente daquilo que sabemos, ou seja, daquilo de que lembramos. Arquivo da nossa vida, a memória guarda as informações que compõem a história do que cada um vivenciou e aprendeu. O filósofo Nietzsche observou que o ser humano se distingue dos outros animais essencialmente por ser o que tem uma ampla memória. Mas uma coisa é a capacidade de registrar, praticamente infinita no tempo de uma vida humana. Outra coisa é a capacidade de resgatar o que está arquivado.

Mas numa sociedade bombardeada por um volume enorme de informações, muita gente acha que deveria lembrar de muito mais coisas do que é possível e até pensa que tem falha de memória. Convém não associar memória a inteligência. Alguém pode ser muito inteligente e ter memória fraca. Ou ter baixo desempenho intelectual, mas assombrosa capacidade de memorizar, qualificados de “sábios idiotas”, já que conseguem decorar uma enormidade de dados, mas são incapazes de interpretá-los e manipulá-los com criatividade.

Do nascimento com 100 bilhões de neurônios à adolescência, o cérebro destrói uma quantidade enorme de neurônios. Cobranças exageradas de desempenho da memória só causam angústia e preocupação. Podemos processar informações fora do organismo. É para isso que servem as bibliotecas e o computador. Motivação e interesse são essenciais para fazer registros. A dificuldade de registrar também pode ser menos uma falha de memória, mas falta de concentração ou atenção, como acontece com pessoas hiperativas.

Há ainda o esquecimento causado por stress (devido à proximidade entre memória e emoção) ou causas orgânicas que afetam o raciocínio, como infecções no sistema nervoso central, tumores, alterações metabólicas e hormonais, carência de nutrientes e estados depressivos.

Todo mundo leva rasteiras da memória, o que faz parte da vida. Nos tempos modernos, os grandes avanços da Medicina, em especial da neurobiologia, possibilitam estudos mais aprofundados sobre o funcionamento do cérebro e os processos de senescência (envelhecimento cerebral com qualidade de vida) e senilidade (envelhecimento patológico, com doenças degenerativas). Há poucos anos, foi descrito o Mal de Alzheimer, diagnosticado com base em testes neupsicológicos. Essa enfermidade provoca atrofia progressiva do cérebro e morte de células no hipocampo, dificultando a memória e o raciocínio a ponto do paciente não conseguir reconhecer os próprios familiares e tornar-se totalmente indiferente.

Como sempre em saúde é melhor prevenir a remediar. Por isso aqui vão algumas orientações para a boa conservação da sua preciosa memória: meurônios precisam de atividade. Quanto mais usamos a memória, mais a preservamos. Fugir da rotina mantém o cérebro ativo. Pessoas que passam dia após dia iguais, sem novos desafios, fazem com que o cérebro desacelere seu ritmo e até atrofie suas funções.

Desafiar constantemente os neurônios é preciso, exigindo certo esforço por parte do cérebro. Quem é destro deve experimentar executar algumas tarefas manuais com a mão esquerda – e vice-versa para quem é canhoto.

Para chegar aos mesmos lugares, é preferível fazer caminhos diferentes. Móveis e objetos podem ser mudados de lugar com freqüência. Parte do dia pode ser dedicada a ter novas idéias. Deve-se procurar conhecer lugares e pessoas diferentes e ler livros de áreas diferentes da sua especialidade profissional. É bom tentar fazer cálculos “de cabeça”, ajudar os mais jovens nas lições de casa, aprender novas línguas e fazer palavras cruzadas.

Alguns especialistas aconselham a manter um diário – ou um blog, espécie de diário publicado na Internet. Organizar os álbuns de fotografia é outra tarefa que contribui para manter vivas as lembranças.

No dia a dia, fazer uma retrospectiva do dia, relembrando fatos em detalhes. Também vale tentar observar os fatos de outro ponto de vista, como se você fosse a pessoa envolvida ou estivesse na pele de outra pessoa.

Antes de dormir, guarde algum objeto do qual você precisará no dia seguinte em um lugar diferente do habitual, fazendo um “quadro mental” de onde ele está e concentrando-se nessa imagem. Ao despertar, você deverá lembrar-se de onde está o objeto.

Hábitos saudáveis são a base para um bom funcionamento cerebral: alimentação equilibrada e balanceada, com pouca gordura, já que ela aumenta a quantidade de radicais livres, influindo na degeneração dos neurônios; não fumar nem beber álcool; praticar exercícios físicos moderados, que aumentam a circulação sangüínea cerebral; exercitar o relaxamento mental, como ioga, meditação, tai chi chuan.

Exercícios mentais e uma vida cultural ativa contribuem para manter a boa memória: leitura de bons livros, aprendizado de coisas novas, ida ao cinema e ao teatro, ler jornais e revistas, assistir a bons programas de televisão e a filmes de boa qualidade, sempre procurando analisar, interpretar e compreender o que lê, ouve e vê, estimulando o raciocínio. Não deixar de ser produtivo mesmo após a aposentadoria, mantendo alguma atividade laboriosa ou voluntária.

O esquecimento, muitas vezes, é também uma função ativa e não passiva do cérebro, que emprega o critério seletivo da memória de acordo com as prioridades. Nesse sentido, é igualmente importante desenvolver a capacidade de esquecer fatos e informações irrelevantes, já que a assimilação dos fatos se dá de acordo com a atenção que o ser humano dispensa a eles. Esquecemos para poder pensar, esquecemos para não enlouquecer e para poder conviver e sobreviver, afirma o médico Ivan Izquierdo, especialista no assunto.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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