Nosso narcisista preferido

Rogério Distéfano – O Insulto Diário

Roberto Requião ganhou o recurso no TRF4 e não terá que indenizar o Estado pelas chacrinhas que realizava todas as semanas na sua Escola de Governo, quando governador do Paraná. O voto vencedor tem um ponto interessante: Requião não usou a estrutura do Estado para promoção pessoal, mas que havia um toque narcisístico ali, isso havia. O desembargador acertou no olho da mosca. Podia explorar melhor o argumento, mas para bom entendedor meia palavra bastou.

Aqueles eventos semanais, aborrecidos e compulsórios, eram preenchidos com tiradas grosseiras e de mau gosto de Requião, que monopolizava o microfone. Nem os amigos, auxiliares, bajuladores e aproveitadores suportavam o ambiente e invariavelmente saíam irritados com as maldades de que eram vítimas. O narcisismo de Requião difere do comum: é contraproducente, antipático, gera repulsa, o que não acontece com os narcisistas em geral, mestres na dissimulação..

O narcisismo não tem cura, já está identificado como transtorno de personalidade. Mas o narcisista tem na política um campo fertilíssimo. Ali se acha acima do bem e do mal. Dono da verdade, deturpador dos fatos e da realidade, o narcisista não é dotado de empatia, a capacidade de captar o sentimento dos outros. Para ele só existem seu interesse e seus motivos, as pessoas são meros instrumentos. Narcisistas são a maioria dos líderes nas revoluções, nas ditaduras e também nas democracias.

Olhem à volta e os que tiverem discernimento verão hoje o principal deles: Lula. Este é o narcisista completo, turbinado pela vaidade sem limites e pela ignorância auto gratulatória. Mas é hábil no dissimular as intenções e no manipular correligionários e massas ignorantes. Mas é focado nos resultados, em nome dos quais modula e modera o transtorno. Faz como o poeta fingidor de Fernando Pessoa e se faz de feio e humilde para esconder o narciso megalômano.

E há o narcisista tosco, trapalhão, desastrado, que põe a vaidade e o autoritarismo acima da objetivo, do resultado. Seu sucesso se baseia na fragilidade do adversário, como é próprio da espécie, na credulidade da massa que manipula. Requião é este tipo. O desembargador não desceu ao pormenor no voto. Nós, do Paraná não precisávamos. Conhecemos nosso narcisista preferido, hoje patético papagaio de pirata de Gleisi Hoffmann, à espera das sobras do eleitorado petista.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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