Nuvens negras sobre o Planalto

BRASÍLIA – A delação de Sérgio Machado instalou a bomba da Lava Jato sob a cadeira de Michel Temer. Depois de uma estreia tumultuada, o governo começava a desviar as nuvens negras da crise para o Congresso. Agora o tempo volta a se fechar sobre o Planalto, com uma acusação grave e direta ao presidente interino.

O ex-presidente da Transpetro afirma que Temer pediu dinheiro de propina para a campanha do afilhado Gabriel Chalita. Segundo o delator, a conta foi empurrada à Queiroz Galvão, uma das empreiteiras mais comprometidas no petrolão.

“O contexto da conversa deixava claro que o que Michel Temer estava ajustando com o depoente era que este solicitasse recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial”, afirma a delação de Machado.

O ex-senador diz que a negociação aconteceu na base aérea de Brasília, um cenário que o interino costuma usar para conversas reservadas. Temer já havia sido citado por outros delatores, mas esta é a primeira vez que ele é diretamente acusado de pedir dinheiro ilegal para campanhas.

Em nota, o presidente afirmou que o relato é “absolutamente inverídico” e que “sempre respeitou estritamente os limites legais para buscar recursos”. É impossível não ouvir o eco do discurso de outros políticos encrencados na Lava Jato.

A delação de Machado também complica o governo interino ao agravar a instabilidade da aliança que o sustenta no Congresso. Toda a cúpula do PMDB foi atingida, dos senadores Renan Calheiros e Romero Jucá ao ex-presidente José Sarney.

Os presidentes do PSDB, Aécio Neves, e do DEM, José Agripino, também entraram na mira. Os dois ajudaram a articular o impeachment e participaram da montagem do ministério de Temer. O caso do tucano parece o mais grave. Ao acusá-lo de financiar cerca de 50 deputados para comandar a Câmara, Machado sugere que Eduardo Cunha não inventou nada —foi apenas um aprendiz.

bernardo-mello-francoBernardo Mello Franco – Folha de São Paulo

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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