O cachorro de Paulo Guedes e o fracasso da economia

Paulo Guedes foi mordido por seu cachorro. Claro que o interesse jornalístico cresceria se o Guedes é que tivesse mordido o cachorro, mas não fará mal a ninguém se a dentada for interpretada politicamente. Segundo o que se sabe, a mordida ocorreu quando Paulo Guedes tentou impedir o cachorro da família sair de casa, o que esclarece um pouco mais o fato: o cachorro não é exatamente do Guedes. Com certeza, para o animal o alfa não é esse ministro aí.

O ponto interessante do fato é que o cachorro fez o que milhões de brasileiros tinham que fazer. Segurem-se, não devemos morder o Guedes. Faço apenas uma metáfora, mas a indignação dos brasileiros teria que ser relativa, para o ministro sentir o desprezo por não ter feito nada para tirar o país do sufoco econômico, numa ineficiência gritante que já vinha de antes do coronavírus.

O primeiro ano do governo Bolsonaro foi o ano de um PIB menor que os lamentáveis pibinhos de Dilma e Temer e a previsão é de que 2020 seria também decepcionante. Até o chegada do coronavírus o Congresso esperava suas reformas, que se tornaram anacrônicas mesmo sem ninguém saber como eram afinal. Com a explosão da pandemia, o ministro da Economia mostrou-se despreparado para um mundo que virou de ponta cabeça. Ele tem uma receita só, ou tinha, já que mudaram absolutamente os ingredientes.

Guedes é o tecnocrata que se diz liberal, mas que só sabe fazer cortes, arrochar e quebrar tecnicamente a força de trabalho, vender o patrimônio público e desmontar as estruturas de Estado. Felizmente não conseguiu fazer nada disso. Para gente como ele o Brasil não deveria ter nem o SUS, então imaginem como estaríamos desse jeito, para o enfrentamento dessa pandemia.

Poucos acharão que não veio em boa hora a mordida do cachorro, na falta de que os brasileiros tomem vergonha e mandem pras cucuias este governo e o ministro que é um fiasco. O totó podia inclusive ter feito xixi no Posto Ipiranga do Bolsonaro — e talvez até faça de vez em quando, sem que tenha virado notícia, algo que, aliás, os brasileiros também deveriam fazer. Na forma de metáfora, é claro.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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