O elogio à loucura

Um trilhão e duzentos e sessenta e cinco bilhões repassado aos bancos pelo Banco Central.

O Poder Executivo remeteu ao Congresso projeto para dar ao povo carente e informal apenas 200 reais, numa única parcela. O Legislativo aumentou para 600, em três parcelas, claro que com o atraso tradicional pela incompetência de quem não quer pagar.

Pretende-se calar o Supremo Tribunal Federal e o Congresso. Não se enganem os estados e os municípios.

Milhares de pequenas empresas falidas e quebradas, sem auxílio nenhum, somente com uma perspectiva de empréstimo e mais endividamento. Diferente dos países europeus, norte-americanos e asiáticos.

O grupo político chamado Centrão ganhando cargos estratégicos e verbas milionárias para barrar um inevitável impeachment.

A economia, como antes, encolhendo.

A pandemia expandindo, com trocas de ministros e não médicos no comando. A franca negação da ciência, da medicina e da infectologia.

A terra plana, o enaltecimento da tortura e os anos de chumbo.

A quarentena sendo quebrada, os hospitais lotados, médicos e enfermeiros mortos e contaminados – e recorde de mortes todos os dias.

O mundo fechando as fronteiras para o Brasil.

Crises diplomáticas semanais por declarações desastrosas de ministros e filhos, cujos nomes se iniciam pelo zero: 01, 02 etc.

O patrimônio nacional sendo torrado, o centenário Banco do Brasil na fila do abate, oito refinarias lucrativas para serem entregues de bandeja às corporações internacionais. A BR Distribuidora vendida por 10% do seu lucro anual, a exemplo da Vale.

Uma tenebrosa reunião de ministros, na qual falou-se abertamente em prejudicar servidores públicos, pequenos comerciantes, beneficiar os grandes grupos econômicos e, essencialmente, destruir o meio ambiente e a Amazônia. Sem dar destaque à devastadora pandemia que assola milhares de vítimas de baixo poder econômico e idosos.

Uma eleição presidencial que pode ter sido ganha com notícias falsas (Fake News), cuja organização pode ter sido realizada pelas bancadas de políticos que, se confirmada, também se elegeram às custas de mentiras e robôs midiáticos.

A franca destruição da arte, da cultura, da pesquisa, das escolas e das universidades públicas.

 Reajustes diferenciados e aposentadoria especial para as forças armadas, um braço que ameaça, abertamente, por alguns de seus integrantes, o estado Democrático de Direito.

Dizer que a difamação, a calúnia e a injúria disparados aos milhares por robôs nas mídias sociais, contra pessoas e instituições, é liberdade de expressão e faz parte da democracia.

Enfim, tudo isto, e muito mais, numa sucessão de ataques e agressões às mulheres, às minorias, aos repórteres, à imprensa, às instituições democráticas, aos indígenas e à Amazônia.

O desprezo pelas vítimas e seus familiares: (…) E daí? (…) Não sou coveiro (…) vai morrer gente mesmo (…) e todo um discurso insensível com tragédia que assola o país

Estamos com um poder Executivo e seus ministros que se auto elogiam.

                O elogio à loucura.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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