O Empalhador de Palavras

O universo existe porque é observado. Assim, está provado que Márcio Santos não é fruto da imaginação coletiva dos Rogérios Dias. Todos os Márcios Santos, do Big Bang aos passarinhos, estão aí para desmentir a tese de que a teoria física é sempre provisória, porque não passa de uma simples hipótese e não pode ser comprovada jamais.

Ambos, Márcios e márcios são passarinhos que coaxam dentro deste universo. Falta pouco para que estes pássaros imóveis, criados pelos homens-pássaros, soltem as asas em busca de algum poeta gaúcho que diga que todos esses que aí estão, atravancando o nosso caminho, passarão. Eles, passarinhos.

Os Márcios são contraditórios com certa regularidade, principalmente em épocas de arribação. Eles lidam, o tempo todo, a todo instante, com a liberdade de observar aquilo que pede para ser olhado. E tratam sempre de enclausurar estes instantes definitivos dentro de máquinas fotográficas, a gaiola que o homem inventou para reter os instantes, com tudo o que o durante contém. São os taxidermistas do nosso tempo. E voar é com os Márcios.

Jornal Nicolau/1986

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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