O grande negócio chamado Futebol

 

Naquela Copa do 7 a 1, a FIFA criou um país dentro do Brasil. Exemplo: nos estádios de futebol e nos arredores, a jurisdição brasileira não se aplicava ou valia pela metade. Será que hoje em dia, dentro das chamadas arenas vale o Código de Defesa do Consumidor?

Ontem, o consumidor torcedor que foi à Arena da Baixada teve vários de seus direitos do consumidor desrespeitados. É uma constante em todos os estádios brasileiros.

O pacote de pipoca foi cortado pela metade e o preço continuou o mesmo, ou seja, houve o aumento maquiado de 50% (cinquenta por cento) com reajuste no preço final de R$4,00. Multiplique-se isto por milhares de consumidores.

Determinados produtos eram vendidos pelos caixas, mas quando o consumidor se dirigia nas lojas, era informado que não havia mais. O torcedor voltava para o caixa e tinha que esperar um “supervisor” por quinze minutos ou mais e depois preencher um longo formulário para ter seu dinheiro devolvido. Um expediente malicioso para dissuadir o torcedor da exigência da devolução.

Venda casada dentro dos estádios é a prática recorrente, pois o torcedor consumidor não pode entrar portando pacote de pipoca, sanduíche ou copo plástico contendo cerveja ou água mineral. Obriga-se a consumir o que vendem ali dentro.

A promoção ao final do jogo de 50% (cinquenta por cento) de desconto também é outra irregularidade. O consumidor compra o ticket pagando preço integral e ao final não leva dois sanduíches em promoção. Adivinhe as razões dessas promoções.

Determinadas bebidas são ofertadas a preço único, mas no decorrer da temporada, ou conforme o jogo, são excluídas por outras de qualidade diversa das ofertadas.

Não há nenhuma liberdade de escolha de produtos por imposição monopolista da cesta de produtos ofertados.

A FIFA, a CBF e as Federações estaduais são um mundo jurídico à parte do Brasil. Impõem regras próprias, beneficiam determinados times pela distribuição das verbas de televisão. A Rede Globo (sempre ela), tem seus times de preferência no eixo Rio-São Paulo e manda e desmanda nos horários dos jogos, forçando uma grande diferença nos patrocínios de um campeonato, normalmente, com alta probabilidade de se conhecer, antecipadamente, os vencedores, sempre os mesmos. Os calendários são extenuantes e isso se resume numa coisa: não há profissionalismo.

O patrocínio das empresas públicas e bancos públicos é outra caixa preta que assola o futebol brasileiro. O sistema empresarial dos jogadores conta com bancas internacionais e contas em paraísos fiscais. O estatuto do torcedor é outra quimera, para inglês ver.

O modelo FIFA retirou a população dos estádios de futebol com a supressão das gerais. O Estádio do Maracanã é o símbolo de tudo isto.

Nossos craques vão para o exterior e não temos um mercado de futebol para concorrer com o mundo civilizado.

Ainda não tivemos uma investigação profunda neste estado de coisas – e nunca a teremos. O grande negócio do Futebol, no Brasil, prevalece a “regra de Gerson”: temos que levar vantagem em tudo, certo?

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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