O homem que ama os gibis

Capa do fanzine Gibilândia nº 4

O paulistano Roberto Guedes é um homem que ama os quadrinhos. Mais do que isso, cultua-os. Jornalista, roteirista, escritor, editor e tradutor e fanzineiro, tem inúmeros livros publicados sobre o tema, entre os quais “Quando Surgem os Super-Heróis”, “A Saga dos Super-Heróis Brasileiros”, “A Era de Bronze dos Super-Heróis”, “Stan Lee – O Reinventor dos Super-Heróis”, “Jack Kirby – O Criador dos Deuses”, “Gedeone: O Guerreiro dos Quadrinhos – Uma biografia autorizada” e “O Incrível Steve Ditko”. Com Gonçalo Júnior, Guedes forma atualmente a dupla mais aplicada e produtiva de pesquisadores da arte quadrinizada no Brasil.

De sua autoria, Roberto Guedes tem apenas dois personagens – super-heróis, por certo: Guepardo (1998) e Meteoro (2002), este publicado na única edição do Almanaque de Quadrinhos, da Opera Graphica. Mas atuou como editor, tradutor e ensaísta não apenas na Opera, mas na Editora Mythos, HQM Editora e na Panini Comics, o que lhe valeu três prêmios: dois Angelo Agostini, de “Melhor Editor”, e o Troféu Jayme Cortez, por sua “Contribuição ao Quadrinho Brasileiro”. Hoje, colabora com a revista Super-Heróis, da Editora Europa.

No entanto, Guedes tem um carinho especial pelos fanzines, através dos quais ingressou no mundo dos quadrinhos em 1988. Criou e manteve alguns, durante algum tempo: Status Quo Comics, Meteoro, Os Protetores, Quartel-General e Gibilândia.

Pois é justamente sobre este último que quero lhes falar. Lançado em 2ª edição em março do corrente ano, focalizando alguns personagens pouco conhecidos do grande público ou meio-esquecidos, mas também os ainda campeões de bilheteria, Gibilândia teve repercussão muito maior do que o esperado pelo editor.

“Era para ser apenas uma brincadeira entre amigos, mas atingiu proporções maiores – confessou Guedes no editorial no nº 2. “Gente de todo o Brasil e até do exterior, se interessou e quis garantir seu exemplar. Não por acaso, tive de imprimir, às pressas, mais uma quantidade considerável de cópias para atender a demanda”.

O exemplar nº 1 encontra-se esgotado. O nº 2, também. Nessa edição, é reeditado O Questão, herói criado por Steve Ditko, com desenhos de Alex Toth; tem uma açucarada produção de Stan Lee, com desenhos de Jim Steranko; a recontagem da origem do Capitão Marvel; um ensaio reflexivo sobre Alan Moore, “o falso profeta dos quadrinhos”; e “O Maníaco Delirante”, a divertida maneira que Stan Lee e Joe Maneely encontraram para criticar Fredric Wertham, o psiquiatra e autor do livro “Sedução do Inocente”, que fez campanha difamatória contra os quadrinhos.

No nº 3, a estrela é o Homem-Aranha, de Stan Lee e Gene Colan e John Romita, acompanhado de ensaio do próprio Roberto Guedes, envolvendo toda a caminhada do Cabeça-de-Teia no Brasil. Mas destaca-se também “Samurai”, um trabalho vigoroso de Gene Day, desenhista do Mestre do Kung Fu, falecido prematuramente em 1982, aos 31 anos. Encontra-se, também, a estreia da Satana, “a Filha do Diabo”, de Roy Thomas e John Romita; e dois momentos do velho Flash Gordon, o primeiro produzido por Mike Zeck, e o segundo em uma bela homenagem de Esteban Moroto (de Cinco por Infinito), com seu estilo único, a Alex Raymond.

Por fim, acaba de sair do forno o nº 4, com data de julho, dedicado ao octagenário Batman, o personagem da DC Comics favorito de Roberto Guedes, que teve o privilégio de editá-lo e traduzi-lo quando passou pela Opera Graphica. E que, também por isso, assina o ensaio “Cuidado! Há um morcego na porta principal”, contando toda a trajetória do Morcegão, inclusive no Brasil. E a edição traz ainda a origem do Homem-Mosca, criado por Joe Simon; nova romântica-açucarada de Stan Lee e John Buscema/John Romita; uma bela criação gráfica de Bill Pearson e Dick Giordano; e o conto “Amanhã eu serei enforcado”, do início da Era de Bronze dos quadrinhos, originalmente publicado na “House of Mystery”, da DC.

Como as publicações são do tipo artesanal e sem fins lucrativos, com objetivo exclusivamente de divulgação jornalística e preservação da memória gráfica, somente poderão ser adquiridas junto à Guedes Manifesto Produções Editoriais (guedesbook@gmail.com).

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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