O suave Pepe Richa e as três tentativas de ser candidato

Ruth Bolognese – ContraPonto

Pela terceira vez, o irmão mais próximo do ex-governador em sua vitoriosa carreira política, Pepe Richa, recua na candidatura a deputado federal, dada como certa e já anunciada publicamente.

Pessoalmente, no trato diário, Pepe é uma moça. E o sentido aqui é figurado, mesmo algo politicamente incorreto, porque tem cada moça casca grossa por aí que Deus nos livre e guarde. Ou de imputar-lhe um lado feminino mais pronunciado, o que não é o caso.

Moça do século XVIII, como sinônimo de afável, amável, incapaz de erguer a voz ou ofender alguém. Este é o suave Pepe Richa, que vem sonhando sair candidato desde 2010 e, sempre premido pelas circunstâncias, é obrigado a recuar.

Em 2018, diferente das outras vezes, a circunstância atende pelo nome de “denúncias que podem surgir na delação premiada de Nelson Leal Jr, já em análise pelo MP, na Operação Integração”. Leal Jr, como se sabe era subordinado a Pepe Richa como diretor do DER/PR e foi preso por ter se envolvido em malfeitos junto com concessionárias de pedágio.

O motivo, no entanto, continua o mesmo: Pepe Richa renuncia ao projeto pessoal a favor do irmão. Sai agora, por exemplo, para não contaminar, vamos dizer assim, a candidatura de Beto Richa ao Senado com o que está por vir.

Em 2010, recuou para ser o suplente do então candidato ao Senado, Ricardo Barros, forma de consolidar a aliança entre o PSDB e o PP e facilitar a eleição de Beto Richa ao Governo.

Em 2014, na reeleição de Beto Richa, foi direcionado para coordenar a campanha e, também, para não atrapalhar a eleição de outros candidatos à Câmara Federal que compunham a coligação de partidos. By, by candidatura.

É verdade que ocupou a poderosa e principal secretaria nos dois governos do irmão, a de Infra Estrutura, plataforma de lançamento eficaz para qualquer candidatura. Mas não para o suave Pepe, que agora, na hora da onça beber água, deparou-se com o jacaré da delação premiada de Nelson Leal Jr.

E continuando no reino animal, se Beto Richa não ganhar a eleição para o Senado, ou até para a Câmara Federal, os dois irmãos velhos de guerra estarão no mato sem cachorro.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Ruth Bolognese - Contraponto e marcada com a tag , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.