Olavo de Carvalho contra militares: briga suja no bolsonarismo

© Vivi Zanatta|FolhaPress

Como é notório, Olavo de Carvalho nos últimos dias está empenhado em uma artilharia cerrada contra os militares que ocupam cargos no governo Bolsonaro, numa briga por espaço no governo. Isso é até natural na política, no entanto, levando em consideração o resultado que sua metodologia de luta vem apresentando, há que se considerar se no final sobrará governo para seus olavetes pegarem umas boquinhas.

Não cabe aqui avaliar o que Olavo vem fazendo tendo em conta minha posição quanto a esse governo ou o que penso dele próprio. Sou contra ambos. Mas tenho que dizer que ele embola-se em seus próprios argumentos. Temos um caso sério de uma figura que é um  poço de contradição nos termos. E na prática. Já faz tempo que me parece que o comportamento do velho professor da Virgínia revela algo mais que a ferocidade também natural de um sujeito em uma luta política, ainda mais quando essa figura é alguém como Olavo, que incorporou todos os defeitos de sua história como esquerdista e depois como direitista.

Parece haver um sério desarranjo psicológico por detrás dessa movimentação histérica em busca da mera cizânia. Não faz sentido tanto esforço que gera apenas confusão e não tem resultado prático para seu grupo político, os chamados olavetes, como também desmobiliza demais os esforços de um governo que tem sua origem em grande parte em suas ideias. Muitos ficam procurando uma lógica política em seu comportamento. Não vejo assim. O que ele tem feito nem é matar a galinha dos ovos de ouro. Olavo pisa em sua cabeça enquanto o bicho mal saiu do ovo.

Nada tenho a ver com os dois lados dessa briga, mas sei do mau resultado do que esse sujeito endoidecido vem fazendo. Ai de nós se houver muita influência sobre jovens dessa forma de debater política e de procurar criar espaços políticos. É uma cultura da provocação barata, do insulto, do desrespeito à opinião alheia, da construção de versões mentirosas conforma o interesse de ocasião. Temos aí um perigo contra o qual não devemos nos calar. Pode ser o nascedouro de uma visão autoritária muito perigosa, seja tida como de esquerda ou de direita, não importa, afinal Olavo tomou lições de autoritarismo tanto dos comunistas quando da direita.

Seus ataques aos militares do governo Bolsonaro dão vergonha alheia até em quem é da oposição. O nível é baixo demais, com xingamentos até risíveis, como quando ele chama o ministro Santos Cruz, um general da reserva, de “bosta engomada”. Puxa vida, como é que alguém que quer ser reconhecido como “filósofo” se serve de argumentos desse tipo? E tem coisas muito piores e nada engraçadas. Nesta madrugada, Olavo postou no Facebook e no Twitter uma mensagem em que cita o general Eduardo Villas Bôas, de uma forma que até para um Olavo de Carvalho ele foi longe demais.

Ele diz que para se defenderem de seus ataques os militares se escondem “por trás de um doente preso a uma cadeira de rodas”. Villas Bôas sofre de uma grave doença degenerativa que impede seus movimentos. Ultimamente ele tem dificuldade até para respirar. No mesmo post Olavo termina com uma afirmação que serve para qualificar quem posta essa indignidade: “Nem o Lula seria capaz de tamanha baixeza”. É verdade. Nem o Lula seria capaz de algo tão baixo como o que Olavo de Carvalho anda escrevendo.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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