Operaçao Integração II: respostas dos denunciados são apenas protocolares

Há um silêncio constrangedor na esteira da Operação Integração II: desde as primeiras horas da manhã de ontem até agora não se ouviu nada relevante em termos de explicações, justificativas ou defesas dos políticos, concessionárias ou empresas citadas pelo Ministério Público Federal. Nenhum candidato em campanha, a qualquer cargo, se apresentou para falar que “tudo está em fase de investigação e devemos confiar na Justiça”.

Na verdade, não há clima para defesas antecipadas ou tentativas de sair ileso de tantos relatos com seus detalhes escabrosos e documentos tão evidentes. O ex-governador Beto Richa, a figura central das duas últimas operações do Ministério Público Federal, não tem a menor condição, nestas alturas, de vir a público alegar perseguição ou trama diabólica contra ele e sua família.

É um momento de desesperança para a família Richa como um todo e um assombro para os milhões de paranaenses que se submeteram ao pagamento de taxas abusivas nas praças do pedágio, durante 21 longos anos, para irrigar caixas de campanha e contas bancárias pessoais.

Nem mesmo o candidato-líder nas pesquisas, o deputado Ratinho Jr, se animou a emitir qualquer opinião sobre a hecatombe que desabou na esfera política do estado. É que, mesmo indiretamente, fez parte da trama enredada no Palácio Iguaçu por ter trabalhado como secretário de Desenvolvimento Urbano, cargo de primeiro escalão, no segundo governo de Beto Richa.

O próprio candidato do MDB, João Arruda, sobrinho do senador Roberto Requião, que sempre se apresentou como o EL Cid Campeador contra o Pedágio e nada resolveu, está constrangido. Seu sogro, Joel Malucelli, é citado e investigado como empreiteiro de obras no setor.

Apenas a governadora Cida Borghetti tomou posição imediata e tenta, como este Contraponto já detectou, tirar o melhor proveito eleitoral possível da situação calamitosa do seu ex-companheiro de chapa e de Governo, Beto Richa. Não é uma esperança. É um perigo.

Às vésperas da votação, o eleitor deve se lembrar das histórias do santo que desconfia de esmola demais e do frango gratuito dado aos pobres, quase sempre doente.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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