Os apitos da crise

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Já tem tanto alarme tocando, que ficou até repetitivo usar essa imagem para falar da crise econômica, mas vamos lá, porque temos um caso de alarme bastante grave. É assustadora a previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) de uma retração de 3,5%% da economia do Brasil em 2016. Sabemos muito bem que este banco vai sempre procurar amenizar a divulgação de avaliações referentes a qualquer país, devido ao risco de fazer piorar a situação em razão da má notícia antecipada pelos números. Ao contrário do mito que até hoje a esquerda espalha com fervor, não é do interesse do FMI sair quebrando países pelo mundo afora. Em outubro o banco dizia que seria de 1% a retração. Em menos de três meses a previsão negativa caiu desse jeito, o que faz parecer que no ano passado o gato subiu no telhado. E até pode ser que agora o FMI já tenha conclusões piores do que os 3,5%%, mas estejam maneirando para evitar uma situação mais complicada, dando para o governo de Dilma Rousseff ao menos amenizar o estrago.

Bem, aí é que morrem as nossas esperanças de que sejam encaminhadas medidas sérias para consertar o Brasil. Conhecendo bem este governo do PT, sabemos que essa avaliação econômica será alvo de ataques da máquina de comunicação e propaganda dos petistas, que devem inclusive apelar para a velha tática esquerdista de demonização do FMI como inimigo da independência dos povos oprimidos. Sempre foi assim e não temos razão de acreditar que desta vez será diferente. Aliás, já se vê nas redes sociais os petistas fazendo troça da previsão do FMI. Não aceitar opinião divergente é um traço irremovível do caráter petista, defeito que foi até aperfeiçoado. Atualmente eles nem esperam a má noticia chegar. Alvejam o mensageiro de longe. Sobre esta assustadora ameaça de recessão braba, o FMI destaca a “incerteza política” como causa importante do problema. A “incerteza” — e aí sou eu quem está falando — tem nome e este nome é Dilma. E a incerteza política tem origem na arrogância petista já bem antiga que impede que o outro seja ouvido com respeito.

Se eles deixassem de mandar os problemas para o João Santana ou qualquer outro marqueteiro fazer da questão um logotipo novo e uma propaganda cara, talvez ainda desse tempo para fazer alguma coisa, revertendo a previsão do FMI. Mas eles não mudarão nunca. Já se prolongam os anos em que estamos vendo esse pessoal refutar toda crítica e qualquer avaliação que contradiga as tolices em que acreditam. As análises tanto de organismos internacionais quanto de especialistas brasileiros já vêm avisando faz tempo sobre o aumento gradativo do estrago. Isso me lembra de um episódio até engraçado de 2012, quando o ministro da Fazenda que projetou o atual desastre, o incomparável Guido Mantega, desdenhou a previsão do banco Credit Suisse de um crescimento do PIB menor que 1,5% para o ano. Na ocasião, Mantega garantiu que o crescimento seria de 4% e classificou a previsão do banco como uma “piada”. A economia brasileira terminou com apenas 0,9% naquele ano. Certamente o governo do PT vai tratar também como piada esta previsão do FMI. No final, o resultado não terá graça alguma para o Brasil.

José Luiz Pires

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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