Os descaminhos de Olavo de Carvalho

©Bibi Zanatta|Folha Press

Olavo de Carvalho informa na sua página de Facebook que vai ficar três dias sem postar, mas não disse o motivo do afastamento. Nos últimos dias ele foi assunto diário na mídia, ainda que de forma altamente negativa para sua imagem. Nem é necessário fazer pesquisa alguma para saber que sua rejeição está em alta, com poucas possibilidades de que ele possa reverter o estrago.

Atiçador de conflitos, com o pouco cuidado que tem ao espalhar a cizânia o professor da Virgínia cometeu um erro grave enquanto atacava pesadamente a ala militar do governo Bolsonaro. Olavo escreveu que “altos oficiais militares” criticados por ele foram “buscar proteção escondendo-se por trás de um doente preso a uma cadeira de rodas”, em referência ao general Villas Bôas, que sofre de doença degenerativa.

A indignidade só não foi repudiada por seus discípulos mais próximos. Poucas vezes se viu unanimidade parecida na política brasileira. Ninguém gostou do que ele escreveu. A grosseria teve protestos até de quem costuma se divertir com a atrapalhação causada no governo Bolsonaro pela sua xingação. Olavo ainda tentou consertar o estrago, inventando uma tola teoria conspiratória de que articularam tudo para que ele escrevesse o post desastrado depreciando a condição de saúde de Villas Boas, mas esta idiotice não colocou.

Esses três dias de Os descaminhos de Olavo de Carvalhoresguardo anunciados pelo Facebook me parece pouco para uma tarefa que faz tempo que tem sido deixada de lado por Olavo, que é escrever coisa séria. Poderiam ser até mesmo artigos sobre a atual conjuntura, com ideias que ajudassem o governo apoiado por ele a concretizar alguma coisa. O sujeito quer ser reconhecido como filósofo, mas virou um caçador de likes nas redes sociais. Fica o tempo todo escrevendo palavrões e dando sarrafadas em integrantes do governo que ele apóia. Vai acabar sendo lembrado apenas por isso e mesmo assim não será por muito tempo.

Algumas pessoas tentam fazer análises elaboradas, procurando encontrar um habilidoso plano nesse comportamento de moleque mal educado, mas podem fuçar nessas nojeiras todas que eu duvido que surja dentre as maluquices de Olavo de Carvalho algo além da aparência de um tremendo desvario de um sujeito que perdeu de vez o bom senso e que não sabe mais nem qual é seu próprio objetivo.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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